Samstag, 4. September 2010

Freitag, 3. September 2010

Apresentação Eckert O sol nasce para todos

Kurt Benno Eckert O sol nasce para todos
Historias narradas para meus netos Cachoeira do Sul,
2009

Apresentação

Neste, nosso mundo moderno, as impressões com as quais diariamente temos que lidar são múltiplas e, consequentemente, em geral meio superficiais, coisas que vêm e vão e aparecem novamente. É por isso que tão facilmente esquecemos dados e fatos realmente importantes em nossa vida. Parece que a memória a respeito da história - inclusive de nossa história particular - não pertence às coisas que mais nos destacam. Quem foram Miquel Arraes ou Carlos Lacerda? Já faz tanto tempo que faleceram! Quem sabe os nomes de seus bisavôs? De que mais carecemos neste mundo marcado pela TV e pelo computador é uma clara noção da história, antes de tudo da própria história: quem sou eu, de onde venho, quem eram meus antepassados, em que circunstâncias particulares, familiares, sociais e políticos eles se desenvolveram?

Lembro-me de livros e documentos muito valiosos, a maioria escritos e publicados no curso dos primeiros 50 anos do século XX, de testemunhas da época, como Alfred Funke, W. Heeren, Gustav Stutzer, Friedrich Wüstner, Carlos H. Hunsche, Heinrich Wilhelm Hunsche, como também da segunda metade do século, Artur Gustav Schmidt, p. ex. Os livros desses autores um tesouro da história não apenas dessas pessoas, mas de períodos da aculturação dos migrantes alemães e da Igreja protestante marcada pela reforma luterana; e dão vivo e ilustrativo testemunho da própria história estatal e nacional no respectivo período.

A obra do Pastor emérito Kurt Benno Eckert enquadra-se honrosamente nesta ilustre série de autores que enriquecem nosso fundo de conhecimento histórico e, com isso, também nossa autopercepção.

O autor nos convida a participar das vivências de seus antepassados da Saxônia, que haviam escolhido justamente o Brasil para lá procurarem seu futuro e edificarem sua vida em tempos difíceis; passaram, inclusive, pelos „anos de chumbo", como o autor denomina a Guerra Mundial de 1914 -18. Ao ouvirem dos acontecimentos no Império do Kaiser Wilhelm II., os homens apresentaram-se perante o cônsul em Joinville para cumprirem seu „dever nacional de defender a pátria" no além-mar. Acontece, porém, que a marinha inglesa patrulhava o atlântico, parava e inspecionava os que atravessavam o oceano prendendo os alemães. Era por isso que o cônsul declarou que nenhuma embarcação partiria do Brasil levando „voluntários da pátria" alemães.

A seguir, narra-nos o autor o seu próprio caminho, da infância em Santa Catarina e no Paraná, de seus tempos de estudante no Rio Grande do Sul, caminho que se cruza com o caminho principal da história global e nacional, marcada, antes de tudo, pela nacionalização, pelos „anos de chumbo" e pela repressão dos imigrantes provenientes de países do „eixo": Alemanha, Itália e Japão.

O P. Eckert nos regala um livro que muito fala de pessoas que também chegamos a conhecer ao ensaiarmos - como „residentes" novatos neste Brasil - os primeiros passos na „serra das Missões", em Tuparendi, Tucunduva, Pratos e Linha Machado, Horizontina, etc. A narrativa do colega Kurt Benno lembrou-nos, inclusive, aquele maravilhoso piano na sala da casa Mundstock; para nós, significava „uma jóia na mata".

Bem no primeiro dia que da Europa chegamos ao Morro do Espelho, em São Leopoldo, ao famoso „Instituto Pré-Teológico"(IPT), meu colega Bertoldo Weber, então professor deste instituto, cumprimentou os dois novatos, o P. Bohnenkamp e a mim, com as palavras um tanto estranhas: „Meus senhores, sem dúvida vocês sequer podem imaginar que acabo de ter lutado contra vocês!" Ele fora membro do contingente brasileiro que, ao lado dos aliados, lutou contra o exército alemão em Monte Cassino, Itália. Fazia apenas 7 anos da derrota do regime de Hitler quando entramos no Brasil em 1952. O passado era ainda muito presente em ambos os continentes.

Também o P. Eckert fala da guerra e dos „teutos", naquela época. Hoje constatamos com certa curiosidade a opinião dos teutos sobre o corpo expedicionário. Perguntavam eles, como o sr. Kurt Benno se lembra: „Porque morrer pelos franceses e britânicos se a guerra praticamente já terminou?" O autor, contudo, lembra também os pastores detidos como também os dias do „povão", com os quebra-quebras, em certas circunstâncias tão populares no país.

Vale destacar: o narrador é testemunha dos acontecimentos de um período a cujos fatos e números em livros de história inspira vida e clareza por deixar nos participar de suas experiências.

O jovem Kurt Benno veio a ser aluno do „Proseminar" (IPT), onde foi educado na primeira turma dos „pastores made in Brazil", que, durante a guerra e o pós-guerra, marcou profundamente os destinos do então „Sínodo Riograndense".

No período anterior, antes de tudo na década 1930 até a fase da „nacionalização", numa Igreja majoritariamente marcada por pastores enviados pela Igreja Evangélica da Alemanha, sentiam-se claramente os reflexos dos acontecimentos no além-mar e, especialmente, o antagonismo ideológico entre os „cristãos germanizantes" („Deutsche Christen") e a Igreja Confessante („Bekennende Kirche"), p. ex. A juventude não ficou à parte destes antagonismos. Neste contexto é muito interessante o que o autor conta sobre suas experiências nos seus estudos no Morro do Espelho. Terminadas as aulas do dia, os alunos se juntavam para cultivar a camaradagem entre si em horas livres as tardias praticando esporte, cantando e dedicando-se ao estudo e à discussão de temas culturais, sociais e patrióticos, preparando-se desta maneira para uma vida marcada pelo civismo. O círculo que os reunia chamava-se o „Ring" - anel ou aliança. Nos dias de festas, o 25 de julho, p. ex. - o „dia da imigração alemã", em seus uniformes, marchavam pelas ruas de São Leopoldo até a praça pública com o monumento do imigrante cantando „Die blauen Dragoner, sie reiten mit klingendem Spiel durch das Tor (...)" Com a „nacionalização" o „Ring" desapareceu, já não houve marchas nem uniformes ou canções „em língua estrangeira". Suspeitava-se do perigo da subversão (...) É conhecida esta história histérica.

O „Ring" não era „a Spiegelberg-SA", como incorretamente o havia caracterizado numa publicação de 1971. Fui devidamente corrigido por colegas que frequentaram o „Proseminar" [Instituto Pré-Teológico] no respectivo período. A ideologia do „Ring" não era nazista; provinha de época bem anterior, quem sabe, dos tempos de Bismarck; foi naquela época que surgiu o hino „Heil dir im Siegerkranz, Retter des Vaterlands ...". Preferia definir de „nacional-patriotismo" a espécie de ideologia predominante entre os tempos da imigração e o auge do fascismo. Resultado do „Kultur-Protestantismus"- protestantismo cultural - da época no país de origem (importado pelos pastores provindo da Alemanha). A outra corrente de pensamento a encontrei, de forma maciça, ao ler velhos Almanaques („Jahrweiser") e edições da revista „EJ", de autoria do P. Erich Knäpper.

Em seu livro sobre a história da comunidade de Cachoeira - Quando Florescem Os Arrozais, Porto Alegre 1994 - o P. Eckert refere-se à 39ª Assembleia Geral do Sínodo no ano de 1932 a narrar: „A conferência principal, a cargo de Prepósito Funcke, dissertou sobre o tema: 'Igreja e tradição étnica'. Foi um tema polêmico. Naqueles anos, todavia, era comum a opinião de que, para preservar os valores do evangelho e da confissão luterana, deviam-se preservar os valores culturais da etnia. O maior perigo, porém, advinha naquele tempo das idéias da doutrina nazista, que procuravam impor uma concepção de mundo diferente da doutrina cristã. O tema ainda seria motivo de muita polêmica, discussão e sofrimento entre os pastores e na Igreja." (S. 64) Sente-se ainda hoje a tensão ideológica onipresente naqueles anos em que se formaram os jovens pastores.

Enquanto estudante do curso de Teologia, o presidente do Sínodo Riograndense enviou a Tuparendi o jovem aluno Kurt Benno, na condição de „substituto" do pastor, detido por ser cidadão alemão. Felizmente a comunidade evangélica da região tinha um excelente presidente, o sr. Lückemeier, que, por iniciativa própria e ao seu risco pessoal, mandou edificar a casa paroquial, oferecendo o projeto já realizado aos membros da pequena comunidade. Este detalhe demonstra a dinâmica desse homem, também em outros contextos - coincidência muito feliz para os teutos evangélicos do lugar!

O narrador fala também do imigrante alemão Willi Steinschen, o „arquivo vivo" da comunidade em formação. Homem culto, mas também representando uma antecipada espécie de hippy. Chegamos a conhecê-lo bem no início de nossa carreira na casa paroquial em Tuparendi, que nos forneceu amparo até que a comunidade de Pratos terminasse nossa futura casa. O Willi gostava de contar coisas da história da comunidade e dos pastores de Santa Rosa, centro maior da região. Falou, p. ex., das aventuras do P. Wolf, mas principalmente do legendário pastor Gustav Hahn.

O seminarista Liesenberg foi não apenas o primeiro „substituto" na comunidade, mas também o primeiro „substituto" preso, apesar de ser cidadão brasileiro; pois foi denunciado por ter falado em língua alemã, rigorosamente proibida na época. Foi preso com toda uma turma de amigos e parentes convidados para festejarem um aniversário na zona rural onde muitas pessoas sequer sabiam falar o vernáculo. Toda aquela turma festejando um aniversário foi levada para Porto Alegre! Foi a benevolência do próprio delegado porto-alegrense que os salvou de maiores dificuldades. Ele os mandou para casa - a 500 km de distância! Tempos difíceis para gente modesta!

O Willi Steinschen, alemão nato, com o presidente da comunidade, o sr. Lückemeier, verdadeiro brasileiro, e outros teutos, foram presos em Santa Rosa. Devido às elevadas despesas da delegacia por causa da alimentação de tantos presos, estes foram postos em liberdade, com exceção do sr. Lückemeier, que foi hostilmente maltratado. Foi com horror que o pessoal se lembra do comportamento dos policiais nos tempos de Getúlio!

O „substituto" Eckert - antes de cada culto dominical - tinha que se apresentar na delegacia para entregar uma lista de todos os participantes do culto. Como saber com antecedência quem participaria do culto? Eckert, utilizando uma máquina de escrever da casa Mundstock, copiou uma lista de todos os membros inscritos e regularmente entregava ao delegado uma cópia desta relação. Foi assim. Dura lex est lex, como haviam aprendido os estudantes no „Proseminar".

Para alguém como nós, que tantas vezes esteve pessoalmente em Linha Machado, primeiro de carroça, depois num velho automóvel marca Chevrolet, ano de construção 1929, tudo que o autor nos conta daquele lugarejo é muito interessante.

Os moradores, diz, teuto-russos „teimosos", formavam uma comunidade difícil; especialmente as „assembléias gerais" gravaram-se em sua memória. Um fator que mais ainda complicou a coisa foi a concorrência da comunidade „missouriana", composta de luteranos fundamentalistas com um pastor oriundo dos Estados Unidos, que tentou transferir aquele incrível fundamentalismo que se conhece de lá, onde rejeitam o conceito científico da evolução e afirmam que esse mundo foi criado no espaço de uma só semana, exatamente há 5.000 anos.

No povoado Pratos as coisas não eram essencialmente melhores. O centro, na rua principal, era formado pela casa comercial Pfitscher. Na rua paralela havia meia dúzia de igrejas: a católica, evangélica, batista e uma igreja russo-ortodoxa de duas torres, igreja fundada por um general russo. A igreja ficou famosa por causa das melodiosas canções litúrgicas dos cossacos; e, pertinho, havia mais uma igreja luterana missouriana fundamentalista. Ao planejar o povoado, os agrimensores reservaram um terreno para cada comunidade religiosa, detalhe impressionante.

Para nós, que somos muito amigos da família Mundstock, o capítulo do livro que dela trata torna-se sumamente interessante. Conta o autor como o „substituto" celebrou seu 22º aniversário na casa Mundstock e como se criaram laços de amizade com a família Mundstock, em que até encontrou sua futura esposa Herta.

Nesse meio tempo a guerra na Europa terminara, mas continuava a exigência de entregar antes dos cultos aquela lista dos participantes e a necessidade de apresentar formalmente um „requerimento" para conseguir a „permissão" para a realização do culto dominical, apesar da diminuição da perseguição de „alemães" e „italianos" no país inteiro. Foi o sr. Lückemeier que conseguiu a dispensa da prática boba do delegado de Santa Rosa. Assim terminaram as besteiras das autoridades regionais.

Um capítulo inteiro do livro é dedicado à D. Helena Mundstock, nossa saudosa comadre. Ela - filha de imigrantes suecos - foi uma pessoa com boa educação escolar e geral, „boa cria", como dizem os gaúchos. Ela aprendeu duas línguas, a língua materna, que era o sueco, e a língua oficial, o português. Havia lido uma série de livros brasileiros na época em moda. Falava a língua alemã devido à convivência com muitos imigrantes de origem alemã, já que no povoado de Guarany havia muitos teuto-russos, e Belo Centro - depois batizado de „Tuparendi" - fora um lugar quase que exclusivamente „alemão".

É comovente como P. Eckert chama a D. Helena a „mãe" dos pastores e de suas famílias, que haviam chegado da Alemanha, também „de trânsito" em Tuparendi, ou cujas senhoras procuraram o Hospital dos irmãos Hase para lá dar vida aos seus filhos, como foi nosso caso. Éramos a primeira família pastoral em Pratos e passamos semanas em Tuparendi, e o nosso primeiro filho, Ulrich, nasceu no Hospital dos doutores Hase porque a D. Helena havia insistido para que minha esposa ficasse na casa dela no período crítico, e não lá em Pratos, „no fim do mundo".

O que Kurt Benno Eckert narra sobre a chegada do Pastor Scheele em Tuparendi no ano de 1948 - 4 anos antes de nossa chegada em Tuparndí e Pratos! - nos lembra nossas próprias experiências na região: numa „assembléia geral" da comunidade, convocada para introduzir o P. Scheele, o P. Gottschald, chegado da direção do Sínodo em São Leopoldo, apresentou o novo pároco. Mas não foi coisa fácil, não: estourou uma discussão sobre o salário proposto pelo Sínodo para o novo pastor. O grupo, descontente, argumentou: O Eckert passou 6 anos aqui e nunca houve discussão nenhuma sobre o salário dele. Ele aceitou o que ele recebia sem reclamação alguma. Agora vem aí um novo pastor e se espera que a gente pague mais do que anteriormente.

O presidente Lückemeier disse mais ou menos: „DEFENDI esta comunidade durante todos estes anos de guerra: o P. Dedekind foi seis vezes preso, e nós componentes da diretoria defendíamos os direitos da comunidade e sobrevivemos. Mas agora eu fico com vergonha! Sugiro que votemos democraticamente e que seja feito o que a maioria decidir." Concordaram e ficou aceito o salário proposto pelo Sínodo Riograndense.

Eckert, a partir deste momento, ficou funcionário da casa Mundstock, onde ganhava 1.500,- mil reis ao mês. Antes, durante os 6 anos na paróquia, recebera apenas 500.- mil reis. (E nós, quando chegamos 4 anos depois a Pratos, em época de inflação galopante, deveríamos receber 2.500 mil reis - mas foi uma luta que nos esmagou ... quem nos substituiu foi um solteiro, muito mais barato ... )

Acontece que por muito tempo, primeiro o governo imperial, depois o republicano, havia completamente abandonado os imigrantes que cultivavam as matas riograndenses. Não providenciou nem escolas, nem professores. Nos núcleos maiores da imigração, como p. ex. na região de São Leopoldo, os poucos pastores tomaram conta da educação escolar dos filhos da comunidade. Na „nova colonia", p. ex. na região do Alto Uruguai, com Santa Rosa, Horizontina, Três de Maio, Três Passos etc., a situação era completamente diferente. Quase não havia pastores, nem professores nem capelas ou escolas. Em consequência, o que costumamos chamar de „cultura geral", era escasso entre a população rural que lutava porá garantir sua subsistência. E havia duas „facções" natas em toda região: o catolicismo, no tempo do império religião oficial e exclusiva, e essa minoria protestante. Além disso, sentia-se a influência do „modernismo" ou da „iluminação", que perpetrou também a colônia teuta. Notava-se uma forte influência do Carlos von Koseritz, com o famoso „Koseritz-Kalender" e outras publicações dele, o impacto da ideologia dos „livres pensadores". Devido a esta realidade sociocultural presente também no interior, na „colonia", desenvolveu-se uma espécie de „confrontação cultural", sem violência, mas com difamações, fato também registrado pelo adolescente Kurt Benno.

Em certos grupos havia demasiada difamação de padres, freiras e pastores. Denominaram escolas evangélicas de „escola dos Mucker", devido ao episódio histórico dos Muckeres no interior de Sapiranga. Difamavam os pastores, „que trabalham só aos domingos, ficando em casa durante a semana ", sem considerar, p. ex., que eles lecionavam na escola comunitária todos os dias úteis ou atendiam filiais afastadas e até muito remotas da sede da paróquia, etc. Quando os pastores, os quase exclusivos educadores da juventude, planejaram construir uma escolinha maior, os críticos apenas reclamaram: quem vai pagar tudo isso? Os colonos! E ninguém lembrou que muitas vezes foi a Obra Gustavo Adolfo, do país de origem, quem carregou o peso maior da construção, etc.

Depois de ter-nos apresentado a história de seus antepassados, imigrantes, colonos e comerciantes, e sua própria história que o levou do Estado do Paraná e Santa Catarina até o Rio Grande do Sul, história fascinante, apresentada com incontáveis estórias interessantíssimas, o autor narra „o restante", a conclusão do curso de teologia, o período ativo do pastor devidamente formado e ordenado e o alcance do status de „emérito", vivendo e escrevendo lá entre sua última comunidade na vida profissional, em Cachoeira do Sul.

Voltaremos ao jovem estudante que já havia servido como „substituto" de pastores impedidos de exercer o ministério por causa da guerra e, depois, no ano de 1948, como assistente comercial da casa Mundstock e feliz pai da filha primogênita Clarissa, em Tuparendi: Quando, depois de tempos difíceis, no Morro do Espelho em São Leopoldo, a „Escola de Teologia" começou de funcionar novamente, o Kurt Benno em 1949 inscreveu-se no terceiro semestre. Formou-se em questão de dois anos, estudando muito e com seus quatro companheiros de curso - entre eles o Arno Wrasse e o Erdmann Goetz - lendo livros teológicos dia e noite. Entre os professores encontraram-se, além do diretor, D. Hermann Dohms, os pastores Heinrich Höhn, Ernesto Schlieper e Bertoldo Weber (aquele que fizera parte do corpo de expedicionários na Itália), para mencionar apenas estes. Havia apenas 20 estudantes, muitos deles encontramos ainda lá quando chegamos ao IPT em 1952 da Alemanha. Tudo era bastante primitivo: a Escola de Teologia não tinha casa própria; os estudantes ocupavam salas de reunião, o porão do Centro de Impressos e a biblioteca do Sínodo Riograndense; dormiam nas casas dos professores e frequentavam a sala de refeições do Instituto Pré-Teológico. O Kurt Benno, ao escrever sua tese final, não encontrou nenhum livro do famoso professor Karl Barth na pobre biblioteca sinodal - onde a maioria de livros era da herança do pastor Rotermund. Finalmente ele conseguiu um tomo da „Dogmatica" dele na rica biblioteca dos jesuítas, cujo seminário encontrava-se na vizinhança do Morro do Espelho.

Com o diploma no bolso, em 1951 o colega Eckert foi chamado para servir na comunidade de Serra do Cadeado, pertinho da cidade de Ijuí, que naquela época era o centro administrativo e comercial absoluto na região do Alto Uruguai. Foi lá, na casa paroquial da comunidade evangélica de Ijuí que cheguei a conhecer o Kurt Benno ao visitar a família do pastor Jost, que era o pastor regional daquela enorme região frutífera.

Enviado à paróquia de Serra do Cadeado, lugar difícil, pois existia muita desunião na comunidade naquele momento, o jovem pastor hospedou-se no hotel, pois não havia casa paroquial naquele momento. Foi encarregado, além do pastorado, com a direção da escola evangélica. Por não haver locomoção oferecida pela comunidade, Kurt Benno adquiriu uma „aranha" com que visitava os membros fora do lugar em dias de sol; quando chovia, com as estradas de terra vermelha intransitáveis, ele ia a cavalo mesmo, como a maioria dos colonos.

Passados uns meses, a comunidade ofereceu uma casa ao pastor e a professora da escola da comunidade, que não tinha outro amparo; o Kurt Benno chamou sua esposa com a filinha Clarissa de Tuparendi e em conjunto cuidaram da comunidade. A esposa do pastor logo foi aceita pela comunidade, e muita gente veio para conversar com ela, antes de aproximar-se com seus assuntos ao pastor. Não demorou até que também a desunião entre os membros e a diretoria da comunidade desapareceu, e se criou um clima de paz e tranquilidade no povo.

Na hora do culto dominical a senhora do pároco reunia as crianças numa sala para lidar na „escola dominical", uma reunião onde se ensinava os pequenos em assuntos da religião, contando histórias bíblicas, cantando e orando. Assistido por sua esposa e a professora, o pastor criou um coro que enriqueceu os cultos como também as festas como os casamentos, p.ex. Aos domingos em que o culto acontecia numa das vilas na região, a esposa e filinha acompanhavam o pastor visitando com ele também doentes e idosos lá fora, estabelecendo um clima de harmonia e confiança na paróquia.

Na ocasião de uma visita em São Leopoldo, Kurt Benno, com um par de colegas do mesmo curso, foi devidamente ordenado ao ministério pastoral pelo presidente do Sínódo Riograndense, D. Hermann Dohms. A ordenação solene tomou lugar no mês de outubro de 1951 - aliás exatamente um ano antes de mihna ordenação ao ministério pastoral; fui ordenado no dia 5 de outubro na em minha cidade natal na Alemanha e cheguei - acompanhado por minha esposa - no Brasil no dia 1º de novembro de 1952.

O colega Eckert voltou para Serra do Cadeado. Não demorou, porém, e a família do pastor teve de passar por um período muito doloroso, quando a primogênita de repente adoeceu de uma enfermidade muito grave e perigosa, caindo logo em coma. Todo mundo ficou comovido com esta situação. Os pais temiam o pior. Até o médico ficou muito cético. Uma noite foram acordados pelas mulheres da OASE, que naquela hora, por solidariedade cristã, cuidavam da menina em coma, um susto enorme. Mas o que diziam foi uma verdadeira mensagem de páscoa, já que era a noite antes da festa: „A menina acordou e pediu água!" Que alegria! A comunidade reunida no culto naquele domingo de páscoa certamente nunca esqueceu o que o pastor disse, quando apareceu no púlpito: „Confesso que não tive tempo de preparar um sermão devido as circunstâncias preocupantes nestes dias e noites. Mas permitam-me contar-lhes uma história ... E contou o que havia acontecido em sua casa nos últimos dias, e depois nesta ultima madrugada. As palavras do pastor eram uma impressionante mensagem da festa da ressurreição de Jesus.

É assim que termina o livro biográfico do amigo Kurt Benno Eckert. Numa das viagens de Serra das Missões que o levou à região da „velha colônia" e para Cachoeira do Sul, ele mencionou que pretende mudar-se de Serra do Cadeado para Ijuí. Logo um membro da diretoria da comunidade de Cachoeira respondia: „Porque não vai assumir esta paróquia, já que não temos pastor atualmente!?" Foi assim que o autor do livro comentado se mudou para a comunidade evangélica de Cachoeira do Sul, que também foi homenageada com a edição de um livro biográfico - Quando Florescem Os Arrozais, Porto Alegre 1994.

Heinz F. Dressel
Nürnberg, Alemanha

Sonntag, 27. Juni 2010


O 1º de abril de 1964 em Dois Irmãos - RS

Heinz F. Dressel
Na páscoa do ano de 1964 (29 de Março) quase todo mundo esperava qualquer evento grave na vida da nação.

Apesar de preparados, ao tomarmos conhecimento pela Rádio Gaúcha, na terça-feira, 31 de março, pelas 22 horas da noite, que as tropas do general Morão estavam marchando de Belo Horizonte rumo à cidade do Rio de Janeiro, ficamos profundamente chocados. Até as 2 horas da madrugada sempre surgiram novas notícias alarmantes.

Na minha agenda profissional do ano de 1964 encontra-se uma anotação sublinhada a lápis vermelho: GOLPE DO ESTADO DE MINAS GERAIS.

O 3º Exército, responsável pela segurança da região sul do país, havia imediatamente colocado suas „tropas táticas" ao longo da BR-2, artéria principal do trânsito entre os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina como medida de proteção do território do Estado de Rio Grande do Sul.

No dia 2 de abril anotei na agenda:


7 horas: fala Meneghetti.
golpe da esquerda
interdição da comunicação pelos meios de informação
começo da „Legalidade 2, Brizola"

Imediatamente após uma proclamação do governador riograndense Ildo Meneghetti começou a falar o general Ladário Teles. Depois o Brizola declarou a "2ª LEGALIDADE" - o segundo movimento em prol do respeito à legalidade do governo, ou seja, ao Presidente da República, João Goulart.

O presidente João Goulart havia providenciado a presença do general Ladário no Estado do Rio Grande do Sul para de que fossem devidamente defendidas as instituições legais. Acontece que o general Galhardo, até então chefe do 3º Exército, havia sido deposto, já que a posição política dele não estava suficientemente clara. Depois de deposto, viajou ao Rio. Brizola mandou ocupar as rádios e emissoras de TV.

Até às 10 horas da manhã vigeu uma interdição de comunicação pelos meios de informação. Pontualmente às 10 horas o general Ladário mandou promulgar uma mensagem dirigida à população de toda região militar circunscrita ao 3º Exército, ou seja, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

A „Brigada Militar", um contingente da Polícia Militar, subordinada ao governo do Estado de Rio Grande do Sul, foi integrada ao exército nacional - uma ordem que provocou o imediato protesto do Governador do Estado Ildo Meneghetti, que havia transferido a sede do governo para Passo Fundo.

O general Ladário declarou sua disposição de lutar em favor do restabelecimento da lei e ordem em todo território da república com palavras como:

„O poder satânico dos privilégios não conseguirá de novo tirar a bandeira das reformas das mãos do povo. Para este povo lutaremos unidos, exército e povo juntos … Tenho certeza e confiança de que nossa causa é santa e que ninguém nos pode roubar a vitória, que é nossa."

Em seguida falava Leonel Brizola com a intenção de conjurar o mito dos „grupos dos onze". Um de seus admiradores em Dois Irmãos havia-se aproximado de mim uns dias antes, na sexta-feira-santa, avisado: "Os militares em São Leopoldo estão bem informados sobre sua posição política!" Parece, que o departamento de inteligência militar havia funcionado de forma excelente (o chefe do 19º regimento de infantaria, tenente Coronel Oswaldo Nunes era conhecido como admirador do governo do Jango.) O quartel estava em prontidão a aguardar ordens. Neste meio tempo examinava-se as reservas de armas e munição estocados na 3ª região militar com o resultado de que havia 20.000 armas de fogo mais 6.000.000 de tiros de munição.

Pelas 16 horas de tarde o presidente Goulart aterrisou em Porto Alegre. Em Brasília, neste meio tempo, o parlamento declarou vaga a posição mais alta da República.

No Rio Grande do Sul, o deputado Brizola, apoiado pelo chefe da 3ª região militar, chamou o povo às armas.

O ministro de guerra, neste meio tempo, enviou tropas rumo à região sul do país.

O governador Meneghetti, com sede provisória em Passo Fundo, anunciou a marcha de uma tropa de 5.000 homens, reforçados por um contingente de voluntários, rumo a Porto Alegre, apelando ao general Ladário que este reconhecesse a realidade e evitasse qualquer derramamento de sangue inocente.

Na tarde daquele dia, antes de Goulart embarcar e deixar o país, acompanhamos num aparelho de rádio transistor nas mãos o famoso comício na Praça da Prefeitura em Porto Alegre. Brizola instigou os suboficiais e sargentos a atacarem seus oficiais – "e seja à unha" - caso estes não aceitassem a liderança dele nesta luta. Neste caso os sargentos deveriam assumir o comando da tropa, afim de garantir a vitória da causa nacional.

Brizola anunciou a formação de uma „milícia popular". Cada vez que mencionava o nome do governador Meneghetti e dos „conservadores", a multidão gritava: "paredão, paredão!"

Durante a noite seguinte resolvi fazer tudo a meu alcance para impossibilitar qualquer tipo de confrontação dentro dos limites de minha paróquia de Dois Irmãos. Queria tentar evitar situações em que, por exemplo, jovens inocentes se deixassem atrair pela idéia de formar um grupo desta „milícia popular". Resolvi fazer tudo que possível para evitar que entre esses colonos, naquela época politicamente pouco esclarecidos, fosse derramado sangue inocente (e a palavra "inocente" vem de "não ter noção de nada").

Eu havia escutado os repetidos apelos de Brizola para formar "milícias". Graças a meus contatos com a esquerda radical, havia tomado conhecimento da existência de lugares onde havia núcleos onde se cogitava a formação de clandestinos grupos de extremistas - armados ou ainda não armados. Fiquei preocupado ao pensar nas possíveis intenções de um amigo da casa, líder dos petebistas no lugar, mas exercendo sua profissão na capital do Estado; ele era capaz de aparecer de repente em Dois Irmãos com a idéia de formar um destes grupos. Tive conhecimento de que em outras cidades já estavam ocupadas prefeituras e emissoras de rádio por tais grupos. Até hoje não se sabe com exatidão o número destes „grupos dos onze" existentes neste Brasil, mas é um fato mesmo que o apelo do Brizola foi ouvido em praticamente todos os Estados da República e não apenas no Rio Grande do Sul. A repercussão também em círculos do PCB, inclusive em grupos de dissidentes do PCB - e não apenas no PTB - era surpreendente.

Calculei que Jango talvez pudesse se manter em Porto Alegre por mais ou menos duas semanas ao máximo. Esta avaliação me motivou no dia 2 de abril a procurar o prefeito para falar com ele sobre a situação atual do país. Perguntei quem nesta situação caótica governava de fato: o governador encontrava-se "incomunicável" em Passo Fundo, o Brizola na capital do Estado, aproveitando-se dos meios de comunicação indispensáveis; perguntei, então, quem era que de fato governava, e quem governava em nosso município de Dois Irmãos: o prefeito ou, quem sabe, o delegado de polícia da localidade (que era admirador fervente do Brizola)? E, perguntei, quem é que governava o Estado de Rio Grande do Sul - o Meneghetti, o João Goulart, ou Leonel Brizola com o 3º Exército?

A resposta do homem revelava o real tamanho da confusão e do medo do clássico cidadão humilde e obediente da zona rural ou semirural: "Quando o pessoal lá em Porto Alegre manda ordens, somos obrigados de cumprir as ordens que deles recebemos." O prefeito continuou falando lamentando: "Nunca antes passamos por uma situação destas, é a primeira vez em toda minha vida! Não sei o que eu devo fazer. Na outra vez, em 1961, durante o Primeiro Movimento da Legalidade, eles haviam nos mandados instruções da capital do Estado." Respondi: "O senhor não é comunista e eu o sou tampouco, e também os nossos colonos não são. A Igreja Católica ainda não se manifestou, mas ela também não defende a bandeira comunista, por isso não devemos permitir que uma minoria eventualmente produza caos e desordem neste município; não devemos permitir que venha uma minoria com o propósito de pôr os moradores em armas arriscando que corra sangue inocente num embate irracional. Por isso temos o dever de impor as regras do jogo e proibir que alguém apareça na rua armado. Quem vai à rua com uma arma na mão vai para a cadeia!"

O prefeito ficou contente com a orientação recebida e fez apologias por motivo de sua inexperiência, e disse que a atual situação significava para ele algo completamente novo e desconhecido. Depois disso perguntou-me: "Como vou aplicar na prática este conceito que ora discutimos?" Aconselhei que evitasse discutir o assunto com o chefe da polícia, que apenas o visitasse e declarasse o mesmo que declarou o prefeito de Porto Alegre, Sereno Chaise, durante aquele comício da Praça da Prefeitura: "Aqui neste município sou eu quem manda e quem garante a ordem! Eu não tolero que alguém ande armado pelas ruas da cidade. Quem não obedece, vai ser preso pela polícia e marcha instantaneamente para a cadeia!"

O prefeito me prometeu convocar ainda na mesma tarde os vereadores e convidar também os religiosos das três comunidades sediadas na cidade. Eu ainda ofereci ir com o prefeito no mesmo dia ao quartel da infantaria em São Leopoldo para conversarmos com os militares.

Graças a deus, pelas 13.30 horas, a Radio Guaíba divulgou a notícia da decisão do presidente João Goulart de abandonar o país para evitar uma guerra civil com muitos mortos - grandeza gaúcha!

Seja-me permitido acrescentar um episódio típico que ocorreu nos primeiros dias de abril de 1964 em Dois Irmãos:

Alguns dias depois do golpe parou em frente à delegacia de polícia - pertinho da casa paroquial – um comboio de cinco veículos: um jipe, uma van e três caminhões cheios de soldados vertidos de uniforme de combate e fortemente armados. O objetivo deles era procurar e prender comunistas. Este tipo de "blitz" com o objetivo de capturar militantes daqueles misteriosos "grupos dos onze" também em lugarejos muito remotos eram freqüentes naqueles dias pós-golpe (Direito à Memória e à Verdade, p.485)

Na calçada e na rua à frente da delegacia, vis-à-vis do terreno da Comunidade Evangélica, estava um aglomerado de militares. Atravessei a rua e perguntei, brincando com os soldados, se porventura sua visita tinha o objetivo de gozar de um dos famosos e suculentos churrascos do lugar. Os praças não reagiram e ficaram calados.

Neste meio tempo havia chegado à delegacia de polícia também o prefeito. Cumprimentei-o e perguntei qual era Ia razão desta invasão castrense. A resposta reconfirmou exatamente o que me havia preocupado: "Eles têm ordem de caçar comunistas, todos os comunistas comprovados e subversivos que moram no município." Respondi: "Muito bem, todo mundo sabe que não tem este tipo de gente aqui." E adicionei, para o comandante da tropa ouvir: "Durante os dias da crise reinou calma absoluta nesta cidade. Além disso, o senhor prefeito havia tomado providencias para evitar qualquer perturbação da ordem."

O prefeito, seu Walter Fleck, mais uma vez me agradeceu a assistência prestada, e os "caçadores de comunistas" foram-se rumo a São Leopoldo sem terem caçado nada e ninguém. No contexto deste episódio lembro-me ainda bem de um momento meio engraçado: o jipe do comandante só se pôs em movimento depois de empurrado com muitos esforços...

Donnerstag, 24. Juni 2010


Die „vorrevolutionäre" Situation bis zum Militärputsch 1964

Heinz F. Dressel

Wer die 50er und 60er Jahre in Brasilien aktiv miterlebt hat, wird sich noch lebendig an Francisco Julião und an die Landlosenbewegung erinnern. Gregório Bezerra hat einmal sehr eindrücklich das mühevolle Dasein der Landarbeiter des Nordostens beschrieben: In den frühen Morgenstunden begegnet man auf den Straßen der Zuckerregion tagtäglich Lkws, deren Ladeflächen vollgestopft sind mit Männern, Frauen und Kindern, als handle es sich um Viehtransporte. Bei all diesen Menschen, die auf den Fahrzeugen zusammengepfercht sind, handelt es sich um perspektivlose Landarbeiter, die zum Einbringen der Ernte in die Zuckerrohrfelder transportiert werden. Wenn denn der slogan no future irgendwo auf dem Globus wirklich angebracht war, so hier, bei diesen ausgebeuteten Kreaturen!

Im Nordosten, wo die Konzentration des Landbesitzes besonders markant und die Proletarisierung der Landarbeiter am weitesten fortgeschritten war, bildeten im Januar 1955 eine Anzahl von Kleinpächtern, Landarbeitern, Tagelöhnern, nur für den Eigenbedarf produzierenden „Subsistenz-Landwirten", Bauernsöhnen ohne Eigentum, landwirtschaftlichen Leiharbeitern etc. in Galiléia, Pernambuco, eine Berufsgenossenschaft, aus der sich bald die Ligas Camponesas entwickeln sollten, als der Advokat und spätere sozialistische Abgeordnete Francisco Julião das Steuer in die Hand genommen hatte.

Ähnliche Ligas gab es bereits seit der Nachkriegszeit. Zumeist hatte man versucht, die Attraktivität und Popularität der örtlichen Ligas durch die Beifügung eines Heiligennamens zu fördern: Liga Camponesa Santa Madalena lautete dann etwa der Name. Ursprünglich sollen die Ligas so etwas wie »Begräbnisvereine« gewesen sein, ähnlich den „Wohltätigkeits-Genossenschaften auf Gegenseitigkeit", die bei Eintritt eines Todesfalles in der Familie mittels einer finanziellen Beihilfe, in erster Linie zum Erwerb eines Sarges und einer Grabstätte auf dem Friedhof, eine würdige Bestattung garantierten. Im Laufe der Zeit hatten sich die Ziele der Genossenschaften geändert, und es ging nicht mehr nur um ein paar Meter Land zur Bestattung der Toten, sondern um etwas Land für die hungrigen Lebenden. Julião hat diese »famose Geschichte« später als eine Dramatisierung der Landproblematik interpretiert, auf dem Hintergrund etwa der seinerzeit weltweit berühmten „Geographie des Hungers" von Josué de Castro, von dem das berühmte Bild vom Zyklus der Krabben stammt: „Die Armen, die in den mocambos hausen, leben von Krabben und die Krabben leben von menschlichen Abfällen. Alles, was inmitten dieses schwarzen Flußschlammes Mensch ist, war und ist und wird Krabbe sein. Die Menschen in den mocambos riechen nach Krabbe, sie denken wie Krabben, sie schreiten rückwärts wie Krabben." (Ciclo do Caranguejo) Vielleicht hat zur Dramatisierung auch das Werk des
Ernährungswissenschaftlers Nelson Chaves beigetragen, der in einem Gespräch, das wir 1972 miteinander führten, von einer „neuen Spezies von Menschenaffen" im Nordosten, die infolge des eklatanten Mangels an Protein entstehe, gesprochen hatte. Für ihn stand es fest, dass der Grund dafür in der immer stärkeren Industrialisierung des Zuckers zu suchen war. Die Zuckerrohrplantagen breiten sich aus, argumentierte er, und ersticken alle anderen Kulturen. Dies wirkt sich ganz enorm auch auf die Ernährung der Menschen aus, die sich auf Dörrfleisch, Maniokmehl, Bohnen und Süßkartoffeln und auch auf den Zucker gründet. Die moderne Monokultur des Zuckerrohrs bringt es mit sich, dass die Abwässer aus den Zuckermühlen die ohnehin spärlichen Gewässer der Region so weitgehend verunreinigen, dass Fische und Schalentiere eingehen. Auf diese Weise ist der Bevölkerung eine wichtige Quelle eiweißreicher tierischer Nahrung verlorengegangen. Es konnte überhaupt nicht ausbleiben, dass die darbende Landbevölkerung im brasilianischen „Hungerdreieck« sich eines Tages gemeinsam gegen die herrschenden Lebensbedingungen auflehnen würde, um wenigstens minimale Rechte zu erstreiten. Gilberto Freyre sagte damals: „Es gibt derzeit in Lateinamerika keine kritischere Region als den Nordosten Brasiliens." Die Menschen dachten weithin wie jene Mutter von acht Kindern, die seit 15 Jahren in der Favela wohnte: „Es ist einfach nicht mehr auszuhalten. Ich werde anfangen zu stehlen. Ich bin ganz versessen darauf, dass der Kommunismus kommt!" Es war nicht von ungefähr, dass der Putschversuch der Kommunisten 1935 gerade in Recife begonnen hatte!

Der eigentliche Fokus der ständig wachsenden sozialen Unruhen zu Beginn der 60er Jahre lag dementsprechend im Nordosten. Ein Beispiel der nahezu absoluten, semi-feudalen Macht im sertão erwähnt Paulo Cavalcanti in seiner politischen Chronik Nos Tempos de Prestes: Da hatte, wenige Wochen vor dem Amtsantritt des Gouverneurs Miguel Arraes, der Großgrundbesitzer José Lopes de Siqueira Santos fünf Landarbeiter ermordet, die ins Büro seiner Zuckermühle gekommen waren, um wegen rückständiger Lohnauszahlung zu reklamieren.

Die Landarbeiter waren seinerzeit völlig rechtlos, im Unterschied zu den Industriearbeitern in den urbanen Zentren, zu deren Schutz Getúlio Vargas entsprechende Gesetze erlassen hatte, über deren Einhaltung das „Allgemeine Kommando der Arbeiterschaft" (CGT) eifersüchtig wachte. Miguel Arraes, der endlich mit einem Zustand brechen wollte, der unter dem Gesichtspunkt sozialer Gerechtigkeit nicht länger zu vertreten war, gelang es, zwischen den antagonistischen Parteien - hier die latifundistas, dort die camponeses - einen Akkord zustande zu bringen und auf diese Weise den sozialen Frieden in Pernambuco zu erhalten.

Im November 1961 tagte in Belo Horizonte der 1. Nationale Kongress der Landarbeiter mit Francisco Julião, der sich mit allen Mitteln für die Interessen der verelendeten Landarbeiter einsetzte. Er hatte eine Delegation von 200 Repräsentanten der Ligas Camponesas mitgebracht. Auf der Tagesordnung stand die Forderung nach einer unverzüglichen Enteignung aller Latifundien einer Größe von mehr als 500 Hektar. Eine besondere Provokation bedeutete das Abspielen eines Tonbandes mit einem Grußwort Fidel Castros an die ca. 5000 Versammelten, in dem der Beifall Kubas zu einer Agrarreform in Brasilien zum Ausdruck kam. Zu den Instrumenten, derer man zur Herbeiführung der geforderten Agrarreform bedürfe, zählte in den Augen der Anführer der Ligas auch die Entsendung von „Landarbeiterführern" nach Kuba zum 1. Mai 1961.

Von Jacob Gorender, Publizist und Journalist und einst Mitbegründer des Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), wissen wir, dass es zu Zeiten der Regierung Jânios (31.1.1961 - 26.8.1961) einen intensiven Polittourismus der brasilianischen Ultralinken nach Kuba gegeben hatte. So befand sich der Vorsitzende des PCB, Jover Telles, vom 30.4. bis zum 23.5.1961 in Havanna. In dem Bericht über seine dortigen Aktivitäten erwähnte er die Frage nach einem Curso político-militar in Kuba für eine Reihe von Genossen. Zu jener Zeit hielt sich auch Francisco Julião, der Leader der Ligas Camponesas, in Havanna auf und suchte - laut Telles - kubanische Unterstützung des bewaffneten Kampfes. Dies entsprach übrigens nicht der Position Telles‘, der empfahl, die Angelegenheit mit Carlos Prestes (dem Generalsekretär des PCB) zu diskutieren. Auch der Rechtsanwalt Clodomir dos Santos Morais, einer der frühen Verfechter einer sozialistischen guerrilha in Brasilien, befand sich im Mai 1961 in Kuba. Er kommandierte eine Gruppe von Anführern der Ligas Camponesas und betrieb erfolglos den Einstieg des PCB in den bewaffneten Kampf. Die Partei schloss ihn später aus. In einem Brief vom 16.9.96 wies der frühere Justiz- und Erziehungsminister Jarbas Gonçalves Passarinho den Vf. auf das 1973 erschienene und in Kuba prämierte Buch A esquerda armada no Brasil hin, das auf der Grundlage von Aussagen kommunistischer guerrilheiros e terroristas basiert und in dem die Tatsache, dass terroristische Aktionen bereits lange Zeit vor Beginn der staatlichen Repression stattgefunden hatten, bestätigt werde. Zu diesem Komplex gibt es inzwischen bessere Informationen als vor 20 Jahren, besonders, was die frühe Landguerrilha im Amazonasgebiet betrifft.
Gorender geht in seinem „Klassiker" über die Geschichte der marxistischen Untergrundbewegung in Brasilien - Combate nas Trevas - davon aus, dass aller Wahrscheinlichkeit nach die Ideen aus Frantz Fanons letztem Buch - Die Verdammten dieser Erde, das 1961 erschienen war, die Auffassung gerade jener Revolutionäre in besonderer Weise stützte, in deren Augen der bewaffnete Kampf der Bauern der entscheidende Motor einer generellen Revolution war. Von nun an war eine Radikalisierung der Ligas zu beobachten, zumindest, was ihre Parolen betraf. So hatte Julião damit begonnen, die längst überfällige Agrarreform „per Gesetz oder per Gewalt, mit Blumen oder mit Blut", herbeizuzwingen. Damit hatte er nolens volens seinen bis dahin vertretenen Standpunkt, der sich am Gesetz und an der Verfassung orientierte, verlassen. Im April 1962 begann in Ouro Preto die vom kubanischen focismo inspirierte „Revolutionsbewegung Tiradentes" (MRT) mit der Vorbereitung des bewaffneten Kampfes und Brizola betrieb die Organisation der „berühmten" Grupos dose Onze, womit er - was er nach seiner Rückkehr aus dem Exil noch einmal bestätigte - militante „Zellen" zur Durchführung bewaffneter Aktionen im Sinn hatte. Damit knüpfte er bewusst an die 1956 von Fidel Castro angeführte Invasion in Kuba an, bei der nach einem Angriff der Luftstreitkräfte Batistas von den 84 Revolutionären, die sich auf der legendären Granma befunden hatten, nur elf, darunter Fidel und Raúl Castro, überlebten. Fidel soll damals zu seinem Bruder gesagt haben: „Zwölf - dann sind die Tage des Diktators gezählt!" Brizola griff in einem Memorandum vom 29. November 1963 auf das Beispiel jener elf kubanischen Revolutionäre zurück und proklamierte die Bildung von „Commandos Nacionalistas" bzw. von „Grupos dos Onze Companheiros" - Elfergruppen - mit dem dreifachen Ziel: Verteidigung der demokratischen Errungenschaften des brasilianischen Volkes, unverzügliche Durchsetzung der notwendigen „Reformas de Base" und nationale Befreiung (libertação nacional). Dabei stellte Brizola sich faktisch bewaffnete Gruppen vor. Der Mythus Fidel Castro lag in der Luft! Im Nordosten des Landes bemühte sich Sargento Gregório - Bezerra -, der sich mit ganzer Leidenschaft der Organisation von Landarbeitergewerkschaften in Pernambuco gewidmet hatte, inzwischen um die Bewaffnung seiner Mannen. Sein diesbezüglicher Appell an den Gouverneur blieb jedoch ohne Antwort. Die Zukunft hatte bereits begonnen: Der Putsch war unterwegs. Man wusste nicht, ob er von links oder von rechts kommen würde, in Gestalt eines Staatsstreichs der Kommunisten oder als Rebellion der Armee.

Wie heutzutage der Führer des PT Lula z.B. auf seiner Caravana da Fome - Karawane des Hungers - die mystische Religiosität der einfachen Landbewohner im Nordosten einkalkuliert, wenn er erklärt, das Rot seiner Parteifahne sei »das Blut Jesu Christi am Kreuz« und das Kreuz des PT »der Wegweiser zur Geburt Jesu«, so hatte schon lange vor ihm der Volkstribun Leonel Brizola in demagogischer Weise die neue Aufgeschlossenheit der Katholischen Kirche sozialen Problemen gegenüber - es war die Zeit der Päpstlichen Enzyklika Mater et Magistra (15.5.61) - politisch genutzt und den Armen eingebläut: „Auch Christus war arm!" Brizola trat gern mit dem Ex-Padre Alípio de Freitas auf, der zum Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT) gehörte und vor allen Dingen unter den Landarbeitern in Bahia, agitierte. Er hatte eine Weile in Kuba zugebracht und betätigte sich danach heimlich in der brasilianischen Ação Popular (AP). „Padre" Alípio geriet zu Beginn der Diktatur in Gefangenschaft und bezeugte später, dass auch in „den Kellern der Kasernen" Folterungen stattgefunden hätten, und dass Generals Antônio Bandeira, der Kommandeur des III. Exército, persönlich daran teilgenommen habe. Der Anführer der Aliança Libertadora Nacional (ALN), Joaquim Ferreira (o Toledo) ebenso wie der Leader des PC do B ,Carlos Danieli, seien, anders als offiziell verlautete, bei der Folter und nicht auf der Flucht ums Leben gekommen. (ZH 6.4.98)
Übrigens verschmähte es auch der Sozialist Francisco Julião nicht, auf die christlichen Gleichnisse zurückzugreifen, um seinen am Rande des Elends lebenden Brüdern auf dem sertão das tägliche Brot zu erkämpfen.
Die damals immer häufiger erklingenden radikalen Töne durften so ernst nicht genommen werden. Es ist so gut wie erwiesen, dass die Parteistrategen in der UdSSR zu Zeiten von João Goulart nicht an einem kommunistischen Aufstand interessiert waren, vielmehr strebte der „partidão" (PCB) einen friedlichen Übergang an und setzte auf eine Allianz mit der nationalen Bourgeoisie, um gemeinsam mit dieser eine nationalistisch-protektionistische Wirtschaftspolitik durchzusetzen. Auch die Gruppe um Fidel Castro war seinerzeit nicht an bewaffneten Aktionen in Brasilien gelegen, vielmehr war beiden Sektoren daran gelegen, die Regierung Goulart zu stabilisieren, indem sie deren Politik der „Reformas de Base" unterstützten.. Aus diesem Interesse heraus mussten sie zum damaligen Zeitpunkt jeden Radikalismus, sei es der von Julião oder der von Brizola, verurteilen. Entsprechende Zeugnisse von kommunistischer Seite, z. B. von Paulo Cavalcanti in Recife, belegen dies zur Genüge.
Nach dem Rücktritt des Chaoten Jânio Quadros arbeitete die Regierung Goulart (8.9.1961 - 31.3.1964) unter Federführung des Planungsministers Celso Furtado ihren Dreijahresplan aus, der - neben tiefgreifenden Reformen im Gesundheitswesen, auf dem Gebiet der Lebensmittelversorgung sowie im Bildungs- und Transportwesen - insgesamt auf wichtige, längst fällige und unaufschiebbare Strukturreformen zielte. Angesichts der Rechtslage war es klar, dass die notwendigen Reformen nicht ohne eine Änderung der Verfassung verwirklicht werden konnten. Infolge der Mehrheitsverhältnisse im Parlament wurde 1963 die Anwendung von Notstandsgesetzen nicht zugelassen. Bei diesen Gesetzen handelte es sich konkret um den in Extremfällen vorgesehenen »Ausnahmezustand«, der den Präsidenten u.a. dazu ermächtigt hätte, in einzelnen Staaten zu intervenieren und per Dekret bestimmte Reformen vorzunehmen - ähnlich, wie es später die Militärs mit ihren „Institutionellen Akten", speziellen „Notstandsgesetzen", wiederholt praktiziert haben. Darcy Ribeiro, der „Chef des Kanzleramtes", hatte eigens ein Gesetzesprojekt vorbereitet, das zwischen dem Gebrauch und Besitz von Ländereien unterschied: Alle Ländereien, die innerhalb eines bestimmten Zeitraums von ihren Eigentümern nicht adäquat benutzt worden waren, sollten von den traditionell darauf wohnenden „Häuslern" genutzt werden dürfen. Die Landbesitzer protestierten vehement gegen das geplante Gesetz. Ihr Sprecher, der Abgeordnete Armando Falcão, brachte den Protest auf den Nenner: „Haben Sie den Abgeordneten Ihrer Region dazu gewählt, damit man beschließt, Ihnen Ihr Land wegzunehmen? Verteidigen Sie Ihre Freiheit und verteidigen Sie Ihr Land!"

Die „Bauernligas" waren bereits in aller Munde, da kamen die „Gruppen der Elf" dazu, deren Organisation Leonel Brizola vor allem in seiner bereits zur Institution gewordenen „Ansprache am Freitag" über Radio Mayrink Veiga verkündete. Diese Comandos Nacionalistas, als welche sie auch bezeichnet wurden - (laut Brizola sollte es sich landesweit um eine Avantgarde der Revolution von 300.000 Mannen handeln) - sollte ohne Verzug die „Volksrevolution" in Brasilien entfachen. In einer Atmosphäre der „steigenden Erwartungen" forderten die Ultras immer ungeduldiger »grundlegende Reformen«, die Landarbeiter eine radikale Landreform, die Arbeiterschaft die Stadtreform, die Beamten eine Bankreform, die Angestellten eine Reform der Arbeitszeit, die Studenten eine Universitätsreform. Julião prophezeite: „Der Wille des Volkes wird den Sieg davon tragen, mit oder ohne Parlament!" Brizola forderte lauthals die Auflösung des Parlaments: „Dieses Parlament wird keine einzige Reform beschließen!" Goulart müsse handeln, drängte er, wie Getúlio Vargas es 1937 angesichts der Gefahr des Integralismus getan habe: „Wenn wir nicht putschen, werden die andern putschen!" Der Volkstribun aus dem riograndenser Städtchen Carazinho wollte unter allen Umständen den Umsturz und den Bürgerkrieg.

Den Plänen seines Schwagers João Goulart entsprach solcher Radikalismus nicht. Zwar hielt auch er radikale Reformen für unerlässlich, er hoffte sie jedoch mit friedlichen Mitteln herbeiführen zu können: die Agrarreform, die dringend nötige Reform des Bildungswesens, die Reform des Wahlrechts, um endlich auch der Masse der Analphabeten die Möglichkeit zu geben, ihr Schicksal mitzubestimmen, die Reform des Bankwesens, um nur die wichtigsten Projekte der Regierung anzusprechen.

Für Goulart stand fest, dass es ohne eine „Reformulierung" und die „Liquidierung" überkommener, morscher Strukturen, nicht gelingen konnte, den sozialen Frieden in einem Volk herzustellen, das ökonomisch weithin noch unter Bedingungen lebte, wie sie in der alten kolonialen und monarchisch geprägten Gesellschaft gang und gäbe gewesen waren, ohne dass sich durch die Abschaffung der Sklaverei und, ein Jahr danach, auch der Monarchie, tatsächlich greifbare und für die armen Massen tatsächlich zu Buche schlagende Veränderungen ergeben hätte.

In seiner Rede auf der großen Kundgebung in Rio de Janeiro vom Freitag, dem 13. März 1964 hatte Präsident João Goulart ausgeführt: „In einem Land, in dem man für den Boden, den man bearbeitet, Pacht zu entrichten hat, die 50% des auf diesem Stück Land erzielten Ertrages übersteigt, kann es keine preiswerten Lebensmittel geben. In meinem Staat z.B., im Staat des Abgeordneten Leonel Brizola, werden 65% der Reisernte auf gepachteten Flächen erzielt, und der Pachtzins übersteigt 55% des Gesamtwertes der Ernte. Was in Rio Grande passiert, ist also, dass der Pächter eines Stückes Land zum Anbau von Reis dem Eigentümer jedes Jahr auf‘s neue den Gesamtwert des bearbeiteten Ackers erstattet. Dieses unmenschliche, mittelalterliche Lehenswesen in der Landwirtschaft ist die Hauptursache dafür, dass die landwirtschaftliche Produktion unzureichend und viel zu teuer ist, wodurch dann auch die Lebenskosten für die unteren Schichten unserer Bevölkerung unbezahlbar werden."
Wie es vor und außer ihm auch andere Verfechter der Landreform, von Nabuco bis Julião, gehalten hatten, berief Goulart sich ebenfalls auf die Soziallehre der Kirche, wenn er beschwörend darauf hinwies, es sei der unvergessliche Papst Johannes XXIII gewesen, der uns gelehrt habe, dass die Würde der menschlichen Person als natürliche Lebensgrundlage das Recht auf die Nutznießung der Güter der Erde voraussetze. Daraus ergebe sich die fundamentale Pflicht, jedermann Eigentum zuzugestehen. Der Präsident wusste, dass sich die ihm vorschwebenden Reformen nur im Rahmen des Ausnahmezustands und mit Hilfe von Notstandsgesetzen realisieren lassen würden. Er vergaß nicht, hinzuzufügen: „Ich weiß um die Reaktionen, die zu erwarten sind ... doch können wir voller Stolz erklären, dass wir auf das Verständnis und auf den Patriotismus der tapferen und glorreichen Streitkräfte der Nation zählen dürfen."

Zwei Wochen später war es mit dem Verständnis der Streitkräfte vorbei!

Vor dem Kulminationspunkt der politischen Kämpfe jener Zeit - dem Sturz der Regierung Goulart durch die Militärs am 1. April 1964 - hatten sich Agitation und Konspiration im gesamten Bundesgebiet rapid verstärkt. Die Medien hatten ein gut Teil dazu beigetragen. Klagte der populistische Senator Brizola in einer seiner flammenden Freitagsreden eine neue Schandtat der Ordnungskräfte des Gouverneurs von Guanabara, Carlos Lacerda, an, brachte das Jornal do Commercio prompt die Meldung von der Brandstiftung in einer Zuckerplantage oder von der Invasion eines Latifundiums durch die Liga dos Camponeses. Bei näherer Betrachtung stellte es sich dann oft heraus, dass es sich um eine „Geisterinvasion" oder um ein „Feuer" handelte, das lediglich in der Phantasie eines Sensations-Reporters gelegt worden war. Dies soll nicht heißen, Francisco Julião und seine Genossen in der Führung der Ligas seien lauter Unschuldsengel gewesen; ganz im Gegenteil: sie setzten mit ihrer Demagogie und mit ihren Aktionen die Staatsregierung tatsächlich unter Druck! Die Invasion des Engenho Serra, einer bekannten Zuckermühle in Vitória de Santo Antão, bedeutete für die Regierung des sozialistisch gesinnten, jedoch zugleich dem geltenden Gesetz der Unverletzlichkeit von Privateigentum verpflichteten Gouverneurs Miguel Arraes eine beträchtliche Herausforderung. In einem „vorrevolutionären" Klima, wie die Romantiker und Guevaras de opereta es sahen, spukten Vorstellungen wie luta armada und „Sozialreformen, wenn nicht kraft des Gesetzes, dann mit Mitteln der Gewalt" in den Köpfen vieler linker Romantiker herum, vornehmlich unter der studentischen Jugend, allerdings in gleicher Weise bei manchen Militärs und Genossenschaftlern. Dass Zuckerrohrfelder in Alagoas und Paraiba und auch in Pernambuco tatsächlich niedergebrannt worden sind, ist nicht zu leugnen. Julião hat später zu erklären versucht, dass er niemals der Landbesetzung oder gar der Zerstörung von Pflanzungen das Wort geredet habe. Er habe den Menschen klarzumachen versucht, wie viel Mühe, Schweiß und Blut der Sklaven in den Aufbau der Fazendas gesteckt worden sei, so dass es schon aus diesem Grunde nicht erlaubt sei, diese zu zerstören.

Samstag, 8. Mai 2010


O Brasil vai fugir da confrontação com os crimes da ditadura?

Heinz F. Dressel
O julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre uma reinterpretação da Lei da Anistia de 1979 - a qual protege integralmente os respectivos representantes dos governos militares de serem julgados por execuções extrajudiciais, por torturas e por estupros -, este julgamento do STF que tomou lugar no dia 28 de abril 2010 em Brasília, infelizmente indulta e protege àqueles representantes dos governos militares que de maneira maciça cometeram crimes contra a humanidade.
Fazendo parte do primeiro grupo de pessoas que assinaram o „Apelo ao Supremo Tribunal Federal: Não anistie os torturadores", enviado pelo Comitê Contra a Anistia dos Torturadores, observo com estranheza e repúdio a decisão do Supremo, que em última análise absolve os torturadores que andam por aí como qualquer policial ou militar honesto, que está cumprindo seu dever de zelar pela observação das leis e pela manutenção da ordem pública no Brasil.
Engana-se o Supremo, que iguala as vitimas do terror da ditadura com os torturadores. É um equívoco falar numa „bilateralidade" com referência aos dois lados, os torturadores e as vítimas do terror nos porões. Fato é, que o governo militar em 1979 promulgou uma Lei de Anistia que exonerava todos os acusados que cometeram „crimes políticos ou conexo com estes". As violações dos direitos humanos cometidas por agentes de segurança ou outros integrantes dos governos militares foram interpretadas como „atos políticos", coisa injustificável, porque num Estado de direito nunca pode-se classificar prisões e execuções extrajudiciais, torturas, estupros ou desaparecimento „a serviço da Pátria" como „crimes políticos ou conexo com estes" e os incluir na anistia. É coisa absurdíssima mesmo, que só se explica refletindo sobre os motivos de tal argumentação. Quem sabe, a razão do julgamento era a mesma que valeu na elaboração da lei de 1979: a „pacificação do País".
Sem dúvida, desde os tempos da ditadura já passaram umas décadas, por isso vale lembrar os fatos básicos do assunto em disputa:
Foi Dom Hélder Câmara quem disse, a violência dos terroristas de esquerda era a de número 2, derivada da violência número 1, ou seja, a deposição de Jango. As hostilidades foram iniciadas pelos militares que passaram a prender e a torturar, comprovadamente já nos primeiros dias da „revolução salvadora", como costumaram chamar o movimento dos generais que assaltaram o Poder.
Os que se envolveram na luta contra a ditadura, contra os torturadores e seus mandantes, estavam apenas reagindo à violência. Atiraram depois; os que foram absurdamente chamados de guerrilheiros e até de terroristas, agiram e reagiram em legítima defesa.
Nao foi como o ex-ministo dos generais (Educação e Justiça), Jarbas Passarinho, me quis fazer crer quando me escrevia numa carta datada em 16 de dezembro de 1996, ao responder uma carta tipo resenha da interessantíssima biografia dele, que lhe havia enviado no dia 13.11.1996:
"Não sei se o senhor conhece o livro: ‘A esquerda armada no Brasil’. premiado em Cuba e escrito a partir de depoimentos de guerrilheiros e terroristas de filiação comunista. Publicado em 1973, nele se contam as ações de assassinato denominadas „justiçamento", como as do capitão americano Chandler, sob pretexto de ter lutado contra o povo vietnamita e ser „agente do CIA"; do empresário Boilensen; e do major alemão, aluno da Escola de Estado Maior do Exército brasileiro, „justiçado" por engano, tomado que foi pelo capitão boliviano Gary Prado, que prendera Che Guevara. Tudo é revelado com orgulho pelos depoentes!"
Quem iniciou a violência nos dias da páscoa em 1964 não foram os ditos "terroristas de filiação comunista", como hoje em dia alegam os militares; muito pelo contrário, foram os adeptos da „revolução democrática", como consta o caso do famoso Gregório Bezerra, que no dia 1º de abril encontrava-se no caminho do sertão pernambucano rumo ao Recife. Ao ter chegado na usina Pedrosa em Ribeirão, ele foi preso por um capitão da PM. Na viagem ao Recife encontraram um destacamento do Exército acompanhado por um bando de pistoleiros, enviados pelo proprietário do latifúndio Estreliana a fim de matar o Gregório. Ocorreu uma disputa acerca do procedimento mais razoável: matar o preso na hora mesmo ou mais tarde? Resolveu-se levá-lo a Ribeirão. Chegado lá, amarraram o homem e o jogaram num veículo do Exército. No Recife o entregaram às mãos do general Justino Alves Bastos, comandante do IV. Exército. De lá o levaram ao quartel da Companhia de Motomecanização. Imediatamente o comandante, tenente-coronel Darcy Villocq Viana, junto com uma turma de soldados, o agrediu, batendo nele fortemente com seus fuzis, não poupando ponta pés. Acontece que entre os presos que juntamente com Gregório deram entrada havia também um médico, ao qual deram ordem de limpar o homem do sangue que correu fortemente. Este médico utilizou sua própria camisa para tratar os ferimentos do Gregório. Enquanto o médico se ocupava do Gregório Bezerra, por incrível que pareça, o tenente-coronel tentou induzir uma barra de ferro no ânus dum preso seminu. Isso aconteceu no primeiro dia do mês de abril e nenhum dos presos que passaram tais crueldades foi um „terrorista", e nem se fala num „torturador" - não faz mais o mínimo sentido falar de „bilateralidade", como o está fazendo o Supremo! A tortura tornou-se instrumento exclusivo das forças de segurança (que contradição!) da ditadura. Vejam a tragédia no nordeste: „Nos porões dos quartéis dominados pelos criminosos, mas também nas principais ruas do Recife, com prisioneiros sendo „passeados à vista de todos, e relembre-se, amarrados pelo pescoço", diz Helio Fernandes. Também a „via crucis" do Gregório o levou pelas ruas da cidade. Num cenário macabro, envolto de uma multidão estarrecida na „Praça Burle Marx", como o lugar se chama hoje, em frente da igreja do bairro de Casa Forte, perante um número de instalações da paróquia, inclusive um colégio de freiras, o comandante do destacamento militar gritou: „Venham todos e olham como se enforca o comunista Gregório Bezerra!" A madre superiora do colégio assistiu com horror o cenário bárbaro lá embaixo, quando suas alunas, cheias de medo, observaram tudo pelas janelas, pegou o telefone e avisou o bispo que imediatamente alarmou a hierarquia militar. „No último momento apareceu o coronel Ibiapina e parou as bestialidades que horrorizaram todos os moradores", contou Paulo Cavalcanti. Sargento Gregório foi condenado para muitos anos de prisão, mas antes, junto com outros 69 presos políticos pelo governo brasileiro, foi trocado contra o embaixador da Suíça, Giovanni Enrico Bucher, sequestrado por guerrilhas urbanas, e levado ao Chile.
O terror no nordeste, produzido por elementos pertencentes ao IV. Exército chegou a tamanha extensão que o presidente Castelo Branco teve que enviar o general Ernesto Geisel, chefe da casa militar, a Pernambuco para investigar a situação devido às reclamações de todos os lados. O relatório de Geisel existe, mas faz parte dos documentos que estão sendo tratados como segredo do Estado para o cidadão brasileiro não olhar.
Dói falar sobre a tortura „ou conexo com esta".
Notei isso, quando na ocasião de uma visita a sua casa, no dia 30.8.2007, conversei com o ex-ministro dos generais, Jarbas Passarinho. Referindo-me à biografia dele, chamei atenção do fato de que, quando há 35 anos o visitei no ministério de educação na capital, não havia deixado de fazer uma observação a respeito das coisas ocorridos „nos porões" das Forças Armadas. Ele repetiu a resposta que ele havia-me dado naquela ocasião: „Estou certo de que os senhores realmente ouviram muito mais sobre o terror clandestino nos porões da polícia ou nos recintos de certos quartéis do que nós ministros civis dos governos dos generais."
Lembrei que o ministro Passarinho naquele vez, em 1972, havia sido o único representante do Governo militar que deixou passar a palavra „tortura" por seus lábios apesar de que ele diminuiu a admissão da existência da tortura pelo termo „não sistemática"...
Após esta reminiscência, Jarbas falou por mais tempo sobre o tópico da tortura, destacando que ele, também como membro do Exército em função de oficial de reserva, rejeitava a tortura. Aí ele mencionava um caso de tortura que havia provocado sua imediata reação bastante enérgica. Nesse contexto ele mencionou o general Frota, que sem dúvida se inclinava à direita, mas que era rigorosamente contra a tortura. Jarbas contou com orgulho que durante seu mandato de governador do Estado de Pará não havia sido necessário prender nenhuma pessoa por cause do uso da tortura.
Mas ..., ao disputir sobre certos métodos da tortura, através dos quais, pelas circunstâncias dentro de um prazo muito curto, poder-se-ia receber informações essenciais de natureza militar - como havia sido com os franceses na Argélia - nestas condições o sofrimento de uma só pessoa poderia ser aceitável para salvar a vida de muitas outras pessoas. Poderia dizer-se que esse sofrimento seja apenas um sofrimento menos grave, como no dentista, que tira um dente sem anestesia alguma; dói na hora, mas a gente esquece logo ... Ouvindo isso, me lembrei do lema do sumo sacerdote, Caifas, presidente dos sacerdotes naquele ano da execução do rebelde Jesus: „É melhor que morra apenas um homem pelo povo, do que deixar que o país todo seja destruído" (João 11,49).
Mas, não eram dentistas os torturadores, muito pelo contrário, eram monstros que se tornaram poderosos ao maltratar os outros. Suas vítimas eram idealistas, como Jarbas Passarinho admitiu caracterizando-os: „idealistas paradoxalmente materialistas". Foram severamente torturados, mas nunca torturaram ninguém. Convivi durante anos com esta „diáspora" brasileira na Alemanha e na Franca, jovens formidáveis.
Entre eles Luís Travassos, líder estudantil em São Paulo, como José Serra. Nos anos 1967/68 Luís liderou grandes passeatas, gritando palavras de ordem como „O povo unido jamais será vencido" - a única arma utilizada pelos estudantes rebeldes. Luis foi co-organizador do famoso Congresso da UNE em Ibiúna, onde se reuniram mais de 1.000 estudantes, clandestinamente, como pensaram, mas o SNI estava bem informado. No último dia de seu mandato como presidente da UNE, em 12 de outubro de 1968, Travassos foi preso com 920 estudantes. O rapaz ficou detido durante um ano inteiro. Quais as bestialidades que sofreu esta juventude idealista contou o colega de Luís na direção da UNE e também na prisão, Jean–Marc von der Weid, numa entrevista ao epd–Nachrichtenspiegel Nº 12 do dia 25.3.71: desde o primeiro dia foram batidos e sistematicamente torturados, houve repetidamente execuções fingidas, os presos foram pendurados pelas pernas e torturados com choques elétricos, e praticou-se o „water boarding" ou quase-afogar das vitimas horrorizadas. Tirar um dente sem anestesia?
Travassos deixou este inferno criado pelos „órgãos de segurança" depois de um ano, acompanhado de 14 presos políticos em troca do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, sequestrado por guerrilhas urbanas. Um avião da Força Aérea os levou ao México, „banidos por tempo de vida."
Seu caminho o levou via México, Cuba e Chile à Alemanha, onde chegou com sua esposa Marijane Lisboa e onde a Obre Ecumênica de Estudos em Bochum os acolheu.
O histórico da Marijane foi muito cruel também. Junto com a juventude estudantil carioca ela agitou nos primeiros anos depois do golpe, assistindo a passeata em 1968 em que mataram o jovem estudante Edson Luís. Por ordem do serviço de inteligência da Marinha Marijane foi presa no CENIMAR - Centro de Informações da Marinha na Ilha das Flores, onde a tortura era tão brutal que o coração da moça começou a falhar. Demorou um ano e meio até que a moça teve de se apresentar perante um tribunal militar. Apesar de absolvida, ela foi detida de novo em frente à porta do tribunal. Posta em liberdade depois de 20 dias, ficou livre durante 5 dias e de novo entrou no cárcere. Depois de 30 dias foi posta em liberdade. Um advogado da família a buscou, mas no caminho o carro dele foi parado, pegaram a Marijane, e a levaram encapuzada ao centro de tortura do Exército na Tijuca. A família conseguiu que ela fosse posta em liberdade depois de três semanas. Aí, no caminho a casa, Marijane resolveu pedir asilo na embaixada chilena, de onde se foi para Santiago. Que odisséia!
Como é que é possível falar de „bilateralidade" em vista destas pessoas que sofreram todo tipo de besteira - inclusive estupro - e que nunca na vida nem tocaram em outra pessoa; como o STF pode colocar estas pessoas do lado dos torturadores?
Como os ministros do Supremo podem chamar de bilateral a anistia dada a torturadores e a brasileiros que praticaram o "crime" de resistir a esses torturadores? - perguntou também Helio Fernandes, grande repórter da Tribuna da Imprensa, praticamente liquidada pela ditadura.
Como é possível comparar monstros como aqueles que despedaçaram o preso Bacuri Eduardo Leite, militante da guerrilha urbana, primeiro cortando-lhe uma orelha, depois tirando-lhe os olhos e arrancando-lhe um braço, destruindo seu corpo, membro por membro - como é possível comparar monstros, que fizeram coisa desta, com as vitimas que não torturaram ninguém em toda sua vida? Monstros que até esquartejaram os cadáveres de suas vitimas como se fossem bois no matadouro, métodos que se usaram no Centro de Investigação em Petrópolis-RJ.
Considerando tudo isso, o julgamento do Supremo Tribunal Federal parece ser irracional. Tortura não pode ser considerada função legítima do Estado, não é possível declarar a tortura parte dos deveres dum funcionário público, Tortura é crime contra a dignidade humana e não deve ser anistiada. Se o torturador agiu em nome do Estado, deve ser responsabilizado até o governo, como neste meio tempo acontece no Chile, na Argentina e no Uruguai.
Lamentamos que o Brasil rejeite a confrontação com um período escuro de sua história.

Samstag, 6. Februar 2010


Die „Allgemeine Erklärung der Menschenrechte" als Teil der evangelischen „Bekenntnisschriften" oder der „Kirchlichen Lebensordnung"

Heinz F. Dressel

Als wir im Dezember 1948 als junge Studenten, die gerade noch dem „Heldentod" und, wer weiß, im schlimmsten Fall sogar dem KZ, entgangen waren, in der „Neuen Zeitung" zum ersten Mal von der „Allgemeinen Erklärung der Menschenrechte" hörten, war es uns so ums Herz, wie vielleicht den Israeliten, als Moses ihnen die „Zehn Gebote" („Du sollst nicht töten!") verkündete, oder den Wittenbergern, als sie Luthers „95 Thesen" vernahmen. („Man soll den Christen lehren: Dem Armen zu geben oder dem Bedürftigen zu leihen ist besser, als Ablass zu kaufen, denn durch ein Werk der Liebe wächst die Liebe und wird der Mensch besser ...44/45; oder auch: „Man soll die Christen lehren: Die, die nicht im Überfluss leben, sollen das Lebensnotwendige für ihr Hauswesen behalten und keinesfalls für den Ablass verschwenden." 47)

Auch nach drei Jahren des Überlebens inmitten zerbombter Städte mit einer fast gänzlich zusammengebrochenen Verwaltung, einer prekären Lebensmittelversorgung, die zwangsläufig Phänomene wie Hamstern und Schwarzmarkt nach sich zogen; da war auch das Elend der heimkehrenden Landser, oft mit entsetzlichen Verwundungen oder Verstümmelungen, darüber hinaus das herzbewegende Flüchtlingselend bei chronisch mangelndem Wohnraum - nach alledem standen wir noch immer unter dem Trauma des Krieges und der Hitlerdiktatur.

Nicht nur über die Presse und durch riesige, von der Besatzungsmacht aufgestellte Plakate mit erschütternden Bildern von den „Todesmühlen" der Nazis in Dutzenden von Konzentrationslagern erfuhren wir vom Ausmaß der Verbrechen, die von unseren „Führern" aller Art angeordnet und auch selbst begangen worden waren; wir kamen nun - von Mensch zu Mensch, um es so zu formulieren - mit Opfern der Diktatur, mit „KZlern", wie sie verächtlich bezeichnet wurden, in Berührung, unter ihnen insbesondere Ostjuden die, ausgemergelt und traumatisiert, den „Todesmühlen" entronnen waren, dank ihrer Befreiung durch die Alliierten.

Unter solchen Umständen, in einer derartigen „Atmosphäre", wie sie uns in den ersten Nachkriegsjahren umgab, nach all dem, was wir an Menschenverachtung erlebt und zu Ohren bekommen hatten, war es wie eine Offenbarung, wie „euangelion", Evangelium, frohe, erlösende Botschaft, einen Satz wie diesen zu vernehmen: „Die Würde des Menschen ist unantastbar ..."

In einer Wirklichkeit, in welcher Superlative der Brutalität und der Versklavung die Regel gewesen waren, sprach man mit einem Male von der „angeborenen Würde und den gleichen und unveräußerlichen Rechten aller Mitglieder der Gemeinschaft der Menschen" auf der „Grundlage von Freiheit, Gerechtigkeit und Frieden."

Nach all dem, was wir quasi von Kindesbeinen an erlebt und aufgenommen hatten, war die von der UNO-Vollversammlung am 10. Dezember 1948 verkündete „Allgemeine Erklärung der Menschenrechte" eine Offenbarung, die alles übertraf, was wir bis dahin gehört hatten.
Was hatten wir denn gehört - in der Familie, im Kindergarten, in der Kirche, in der Schule und im „Deutschen Jungvolk"?

Als kaum alphabetisierten Knäblein legte man uns die Streichersche „Judenfibel" auf den Tisch, wo wir unter hässlich karikiertem menschlichen Figuren Verse lesen konnten, wie diesen: „Trau keinem Fuchs auf grüner Heid und keinem Jud bei seinem Eid."

Im Kindergarten sangen wir, neben „"Lippe Detmold, eine wunderschöne Stadt, darinnen ein Soldat, und der muß marschieren in den Krieg, wo die Kanonen stehen ...", noch viele „vaterländische" Lieder , wie:

„Morgenrot, Morgenrot,
leuchtest uns zum frühen Tod.
Bald wird die Trompete blasen,
dann muß ich mein Leben lassen,
ich und mancher Kamerad."

Als wir mit 10 Jahren zum „Jungvolk" kamen, zogen wir singend durch die Stadt, solche „Kampflieder" auf den Lippen:

„Blutig rot sind unsre Fahnen,
die den Weg zur Freiheit bahnen.
Über Sowjetbarrikaden
marschieren die HJ- Brigaden.
Kamerad, reich mir die Hände,
alle Knechtschaft hat ein Ende:
Köpfe rollen, Juden heulen,
die HJ marschiert, Marxisten an die Wand!
Ja, nationale Sozialisten
kämpfen für ihr Vaterland."

Niemals hat auch nur ein einziger ehrbarer Bürger gegen derartige Gesänge protestiert oder uns den Mund verboten.

Auch in der Kirche war von „pax intrantibus" - Friede den Eintretenden" - dem schönen Gruß, den man einst über der Pfarrhaustür ins Mauerwerk eingemeißelt hatte, wenig zu spüren. Auch dort ging es nach dem Motto:

„Der Gott, der Eisen wachsen ließ,
der wollte keine Knechte,
drum gab er Säbel, Schwert und Spieß
dem Mann in seine Rechte,
drum gab er ihm den kühnen Mut,
den Zorn der freien Rede,
dass er bestände bis aufs Blut,
bis in den Tod die Fehde."

Wenn ich heute versuche, mich an die Botschaft zu erinnern, die der Gemeinde von der Kanzel aus vermittelt worden ist, fällt mir vor allem ein, dass der „alte Fritz", der preußische König „Friedrich der Große", zu den beliebtesten Beispielen gehörte, auf die unser Pfarrer in seinen Predigten rekurrierte.

Als im Juli 1944 nur noch 9 Monate bis zum Sieg der Alliierten über Nazi-Deutschland fehlten, wurde ich in einer lutherischen Kirche in Oberfranken konfirmiert. Auf dem Konfirmationsschein fand sich die Reproduktion eines Bildes von Arthur Kampf mit der Darstellung der „Segnung der Kriegsfreiwilligen". Wir 14-Jährigen, offensichtlich das letzte Aufgebot zur Verteidigung des Vaterlands, wurden präzis auf unsere Aufgabe eingestimmtr und erhielten den Segen der Kirche um zu siegen oder zu sterben.

Ein freundliches Andenken, das der Konfirmator seinem confirmandus in die Hand drückte, war den „Katechismus" von Ernst Moritz Arndt. Das 5. Gebot - Du sollst nicht töten - hatte eine Fußnote, die besagte: „gilt im Kriege nicht."

Für alle, die jene düsteren Jahre nicht miterlebt haben, mag es schwer sein, sich vorzustellen, welche Wirkung in der Adventszeit des Jahres 1948 eine Botschaft auf uns haben mußte, deren 1. Artikel wie ein gewaltiges Präludium eines Bachschen Oratoriums mit den Worten begann: „Alle Menschen sind frei und gleich an Würde und Rechten geboren. Sie sind mit Vernunft und Gewissen begabt und sollen einander im Geiste der Brüderlichkeit begegnen." Mit der „Universal Declaration of Human Rights" sollte „das von allen Völkern und Nationen zu erreichende gemeinsame Ideal" vorgegeben werden, an dem sich dann jeder Einzelne und alle Organe der Gesellschaft orientieren sollten.

Das gemeinsame Ideal ist dann mit Beginn des „"cold war" und der letzten Zuckungen des Kolonialismus - von Korea über Vietnam und Mozambique bis hin zur Südafrikanischen Union - sehr schnell in Vergessenheit geraten, wie wir wissen.

Die Charta der Vereinten Nationen ist mitnichten zur regula vitae geworden, genau so wenig wie Barmen oder Stuttgart.

Worum war es in Barmen gegangen?

Mitten im Kirchenkampf war die „Theologische Erklärung" der Bekenntnissynode von Barmen (29. - 31. Mai 1934) für die evangelischen Kirchen ein wegweisendes Lehr- und Glaubenszeugnis der evangelischen Kirche im 20. Jahrhundert. Nach dem Verständnis der Evangelisch-reformierten Kirche und der Evangelischen Kirche der Union handelt es sich um ein Bekenntnis verpflichtenden Charakters, auch über die Zeit des Kirchenkampfes während des „Dritten Reiches" hinaus, ein Bekenntnis gleichen Ranges wie z. B. die „Schmalkaldischen Artikel". In der Evangelisch- lutherische Kirche hingegen gab es von Anfang an Bedenken, schon bezüglich des Sprachgebrauchs: „Barmer Bekenntnis" oder „Theologische Erklärung von Barmen"? Nach Kriegsende erzählte man sich, ein prominenter bayerischer Lutheraner habe, als er sich in Stuttgart gegen den terminus „Barmer Bekenntnis" verwahrte, die ironische Frage eines seiner Kollegen eingehandelt: „aber Herr Amtsbruder, haben Sie in Barmen nicht bekannt?" Immerhin bekannten sich die in Barmen versammelten Repräsentanten der evangelischen Kirchen des Landes „angesichts der die Kirche verwüstenden und damit auch die Einheit der Deutschen Evangelischen Kirche sprengenden Irrtümer der Deutschen Christen und der gegenwärtigen Reichskirchenregierung zu den „evangelischen Wahrheiten", die dann in 6 Thesen näher ausgeführt wurden.

Historisch relevanter als die in diesen Thesen enthaltenen Affirmationen erscheinen die Passagen zur Abwehr von Positionen, die der Botschaft des Evangeliums konträr gegenüber standen, z.. B. „Wir verwerfen die falsche Lehre, als gebe es Bereiche unseres Lebens, in denen wir nicht Jesus Christus, sondern anderen Herren zu eigen wären." (aus These 2) Oder: „Wir verwerfen die falsche Lehre, als dürfe die Kirche die Gestalt ihrer Botschaft und ihrer Ordnung ihrem Belieben oder dem Wechsel der jeweils herrschenden weltanschaulichen und politischen Überzeugungen überlassen." (aus These 3) Oder auch: „Wir verwerfen die falsche Lehre, als solle und könne der Staat über seinen besonderen Auftrag hinaus die einzige und totale Ordnung menschlichen Lebens werden und also auch die Bestimmung der Kirche erfüllen. Wir verwerfen die falsche Lehre, als solle und könne sich die Kirche über ihren besonderen Auftrag hinaus staatliche Art, staatliche Aufgaben und staatliche Würde aneignen und damit selbst zu einem Organ des Staates werden." (aus These 5)

Nicht wenige messen der „Theologischen Erklärung der Bekenntnissynode von Barmen" über ihre Bedeutung in der Hitlerzeit hinaus verpflichtende Bedeutung bei, einige zählen sie zu ihren Bekenntnisgrundlagen.

Das Problem war die Applikation!

Dietrich Bonhoeffer hatte allen Grund, die „Bekennende Kirche" post Barmen zu rügen. Sie hatte sich mehr mit internen und theologischen Problem als mit existentiellen und drängenden politischen Fragen befasst. Da war der „Arierparagraph", den die Kirchenleitungen sogar ergeben auf ihre eigenen Amtsträger anwandten. Da war der himmelschreiende Rassismus, der 1938 zur „Kristallnacht" führte. Da war das perfide Gesetz, welches den jüdischen Mitbürger zwang, den Davidstern - zum Zeichen der Feindschaft gegen das deutsche Volk erklärt - deutlich sichtbar an seiner Kleidung zu tragen. Damals soll Bonhoeffer gesagt haben: „Nur wer gegen die Verfolgung der Juden schreit, hat das Recht, gregorianisch zu singen."

Über ihre faktische oder praktische Wirkung während der auf die Barmer Bekenntnissynode folgenden Jahre bis zum Ende des „Dritten Reiches" braucht nach dem bisher Angesprochenen weiter nichts gesagt zu werden.

Bereits wenige Monate nach der Kapitulation am 8. Mai 1945 traf sich, trotz des völlig paralysierten Verkehrswesens in den vier Besatzungszonen, am 18. und 19. Oktober 1945 der „Rat der Evangelischen Kirche in Deutschland" im französisch besetzten Stuttgart zu seiner ersten Sitzung nach dem Krieg. Die Versammelten standen einem gänzlich unrühmlichen kirchlichen Erbe, das sie selbst, der eine mehr, der andere weniger, mit verschuldet hatten, gegenüber.

Er ist ihnen zu danken, dass sie sich im „Stuttgarter Schuldbekenntnis", als welches es in die Geschichte eingegangen ist, zur „Solidarität der Schuld" bekannten: „Mit großem Schmerz sagen wir: Durch uns ist unendliches Leid über viele Völker und Länder gebracht worden. Was wir unseren Gemeinden oft bezeugt haben, das sprechen wir jetzt im Namen der ganzen Kirche aus: Wohl haben wir lange Jahre hindurch im Namen Jesu Christi gegen den Geist gekämpft, der im nationalsozialistischen Gewaltregiment seinen furchtbaren Ausdruck gefunden hat; aber wir klagen uns an, dass wir nicht mutiger bekannt, nicht treuer gebetet, nicht fröhlicher geglaubt und nicht brennender geliebt haben."

„Wir hoffen zu Gott, dass durch den gemeinsamen Dienst der Kirchen dem Geist der Gewalt und der Vergeltung, der heute von neuem mächtig werden will, in aller Welt gesteuert werde und der Geist des Friedens und der Liebe zur Herrschaft komme, in dem allein die gequälte Menschheit Genesung finden kann. So bitten wir in einer Stunde, in der die ganze Welt einen neuen Anfang braucht: Veni creator spiritus!"

Zu den Unterzeichnern zählten nicht nur die Landesbischöfe D. Theophil Wurm und D. Hans Meiser, Bischof D. Dr. Otto Dibelius, die Pastoren Heinrich Held, Wilhelm Niesel und auch der spätere Bundespräsident, Dr. Dr. Gustav Heinemann, sondern auch Pastor Martin Niemöller D.D. und Landessuperintendent Dr. Hanns Lilje, die im Konzentrationslager der eine und im Gestapogefängnis der andere, die Repression der Nationalsozialisten am eigenen Leibe erlitten hatten. Niemöllers Haltung war gerade in den ersten Jahren nach dem Krieg bei vielen Gemeindegliedern und auch bei manchen Kirchenleitungen ziemlich umstritten. Eine große Breitenwirkung hatte das „Stuttgarter Schuldbekenntnis"- trotz aller Beachtung eindrücklicher statements von Zeitzeugen wie Niemöller und Lilje - aufs Ganze gesehen, nicht erzielen können.

So lief die Zeit, und nach Barmen und Stuttgart kam die UNO- „Universal Declaration of Human Rights" am 10. Dezember 1948 aus New York. Hätte sie es nicht verdient, zu den wichtigsten Dokumenten der Menschheit gezählt zu werden ? Hätte es nicht auch den Kirchen besser angestanden, anstatt an hohen Feiertagen immer wieder einmal das Constantinopolitanum zu rezitieren? Wäre es die Allgemeine Erklärung der Menschenrechte nicht wert gewesen, sie den uralten „Bekenntnissen" hinzuzufügen oder sie wenigstens als verpflichtenden Bestandteil in die „Ordnung des kirchlichen Lebens" aufzunehmen?

Sind die „Bekenntnisschriften" tatsächlich abgeschlossen? „Finitum" ist der Kanon der „Bekenntnisschriften" höchstens in dem Sinne, dass kaum jemand - von Examenskandidaten abgesehen - mehr ihn liest, die umstrittene „Konkordienformel" zum Beispiel (obwohl sich gerade in dieser so wunderbare Paragraphen finden, wie z. B. DE LEGE ET EVANGELIO?

Eine Kirche besass den Mut, die UNO-Charter verbindlich in ihre theologische „Konstitution" und Lebenspraxis aufzunehmen: Die Evangelische Kirche am Rio de La Plata (IERP), mit Gemeinden in Argentinien, Paraguay und Uruguay, mit Sitz der Kirchenverwaltung in Buenos Aires, Argentinien.

In den 70er Jahren war die argentinische Gesellschaft in irrationale Gewalt versunken und befand sich am Rande einer totalen Anarchie. Die Streitkräfte griffen ein, um, wie sie sagten, die Subversion zu überwinden und die wirtschaftliche Entwicklung des Landes anzukurbeln. Weite Kreise der Bevölkerung akzeptierten die Militärherrschaft. „Wie so oft in Krisenzeiten, wird der Staatsstreich von einem Teil der Gesellschaft mit einer gewissen Erleichterung hingenommen", schrieb Flávio Koutzii, der von den Militärs vier Jahre lang eingekerkert worden war, 1984 in seinem Buch Pedaços de Morte no Coração.

Die protestantischen Einwandererkirchen unterschieden sich bezüglich ihrer Stellung zu den Militärs im Prinzip nicht von der katholischen Kirche, welche die argentinische Armee als ein „Element der Sauberkeit, der Kompetenz und der Stabilität" betrachte. Pastor Enrique Bösenberg konstatiert (Revista Parroquial de la IERP, Marzo 2001): „In den Leitungsgremien und in den Pfarreien begrüßte man überwiegend die Militärdiktatur und leugnete die Tatsache der Entführungen und Folterungen." Der Berichterstatter fügt barmherzigerweise hinzu: „Dieses Abstreiten war eine künstliche Blindheit, um der Wirklichkeit nicht in die Augen sehen zu müssen ... Jedenfalls brachten es die historischen protestantischen Kirchen, obgleich sie sich in ihren Gemeinden selbst mit dem Phänomen der „Verschwundenen" konfrontiert sahen, nicht fertig, eine konkrete und umfassende Verurteilung des Militärregimes zu artikulieren." Vieles an diesem Rückblick erinnert an die Verhältnisse im deutschen Mutterland in den 30er und 40er Jahren.

Es muss allerdings angefügt werden, dass sich diese Kirchen bereits vor dem Militärputsch der politischen Flüchtlinge aus Uruguay und Chile angenommen hatten, z.B. mittels des von P. Armin Ihle verwalteten Programms Comisión Argentina para los Refugiados (CAREF). „Bereits vor dem Putsch und vor der Initiative des Weltrats der Kirchen (CMI) hatten die historischen protestantischen Kirchen auf die Nöte der politischen Flüchtlinge aus Uruguay und Chile reagiert; ihr Engagement im Rahmen der Bewegung zur Verteidigung der Menschenrechte schloss allerdings nicht zugleich die Verurteilung der Diktatur als solche ein. Die EKALP begrüßte die Repression der Subversion, verurteilte jedoch die Exzesse bei der Durchführung derselben."

Der damalige Kirchenpräsident Peter Lienenkämper besass allerdings den Mut, beim Besuch einer Delegation des Weltrats der Kirchen zu erklären: „Ein so unerhörtes Geschehen wie Raub und Folterung einer Person beim Namen zu nennen, wer immer auch die Täter sein mögen, ist [...] die Pflicht eines Christen, und man kann sie nicht mit dem Schlagwort antiargentinische Kampagne disqualifizieren." „Allerdings wurde die Haltung Lienenkämpers nicht von der Mehrheit geteilt." (Walter Techera, Revista Parroquial de la IERP, Abril 1996) Sein Nachfolger im Amt, Rodolfo R. Reinich, der seinerzeit auf mein Ersuchen hin u. a. einen seit Jahren inhaftierten politischen Gefangenen aus Córdoba regelmäßig besuchte, erklärte in einem „Brief des Kirchenpräsidenten" (4/1996) in Erinnerung an die Ereignisse der Periode 1976 bis 1983: „Als evangelische Gemeinden müssen wir bekennen, dass wir oft geschwiegen haben, wenn wir hätten reden sollen und dass wir diejenigen allein gelassen haben, die den Mut hatten, Gewalttätigkeiten anzuzeigen und etwas zu machen, um Menschenleben zu retten, während wir uns vom Los jener, die anders dachten und handelten als wir, fern hielten."

Die bittere Erfahrung der EKALP während der Zeit der Diktatur hatte am Ende die Einbeziehung der UNO-Declaration of Human Rights von 1948 in die „Ordnung des kirchlichen Lebens" zur Frucht. Darin heißt es in Art. 6 u. a.: „Es gehört zum Auftrag der Kirche, Verantwortung auch im Blick auf die Gesellschaft, in der wir leben, zu tragen, insbesondere bezüglich der Verteidigung der Menschenrechte (Allgemeine Erklärung der Menschenrechte 1948)." Regime Eclesial de la Iglesia Evangelica del Rio de la Plata (1998) Art 6.

Samstag, 9. Januar 2010

Erinnerung an Mexiko und Trinidad y Tabago

Mexiko war in Bezug auf soziale und politische Unruhen nie eine Insel des Friedens gewesen. So hatte ich zu Beginn meiner Tätigkeit im Ökumenischen Studienwerk von einem jungen Mann gehört, der wegen seiner Beteiligung an einem Protest mexikanischer Arbeiter (Hungerstreik) im August 1967 verhaftet und im März 1969 zu 7 Jahren Gefängnis verurteilt worden war. Davon verbüßte er 4 Jahre und 3 Monate. Mit Hilfe der Jesuiten gelang es ihm, das Land zu verlassen. In Europa begann dann eine Odyssee von INODEP (Paris) bis Misereor (Aachen). 1977 waren Einrichtung und Archiv des Centro Nacional de Comunicación Social - CENOS -, einer ökumenischen Initiative, die zwei Jahrzehnte lang die Arbeit der Kirche in Mexiko dokumentiert hatte, von Polizeikräften vernichtet worden. Auch CELADEC - Comisión Evangélica Latino-americana de Educación Cristiana - sowie das Büro von CAREF - Asistencia a Refugiados Latino-americanos vinculado al Alto Comisariado de la UNO - hatten die Invasion polizeilicher Kräfte über sich ergehen lassen müssen.
Zweck meines Abstechers nach Mezzoamerika im August 1978 war es, im Gespräch mit Vertretern der Kirche, der Flüchtlingsorganisationen und der Universitäten auszuloten, welche Ansätze es für eine eventuelle Förderung von gefährdeten Argentiniern in diesen Ländern gab. Ein wichtiger Gesprächspartner in Mexico City, Casa del Pueblo Argentino, war Prof. Dr. Rodolfo Puiggrós, ein exilierter Publizist aus Argentinien, unter Perón Rektor der Universidad de Buenos Aires. Das esquema de segururidad im Domizil des illustren Argentiniers ist mit gut in Erinnerung geblieben: Die guarda costa des Prominenten unterzog mich spürbar einer gestrengen Kontrolle - ich konnte ja auch ein Agent des Feindes sein (seit Trotzki war man da in Mexiko besonders alert!). Für die Haltung der Exilargentinier mußte man Verständnis haben; war es doch vorgekommen, dass „Infiltrationsversuche" entdeckt wurden. Im Januar 1978 setzte der argentinische Geheimdienst einals Flüchtlingsgruppe getarntes Kommando nach Mexiko in Marsch, mit dem Auftrag, Rodolfo Puiggrós zu liquidieren. Andererseits mußte man auch feststellen, dass die Exil-Organisationen in Mexiko und Costa Rica von Montoneros dominiert wurden, die ihrerseits frühere Dissidenten mit dem Todesurteil bedacht hatten.
Eine Bemerkung zu Trinidad y Tabago, die sich in meinen Reisenotizen findet „Gerade regnet es, dass es rauscht. Es ist ungemein schwül in Port-of-Spain. Der Regen soll so schnell wieder aufhören, wie er gekommen ist, sagen die Leute. Ich delektiere mich über den hausinternen Musikkanal derweil mit einer edleren Abart der in der Karibik typischen „Benzintonnenmusik" - ich habe sie so getauft, weil der Rhytmus auf tin drums - die aus alten Benzinfässern gefertigt worden sind - geschlagen wird. Eine Schallplattenaufnahme der Trinidad Troubadors - Over & Over, einer mitreißenden Interpretation des calypso, wird mich ebenso nach Hause begleiten wie die des Huiggins Pan-Demonium Steel Orchestra des Holiday Inn Trinidad W.I., a very special „kinda music".
In Trinidad - nur sieben Meilen von Venezuela entfernt und wie dieses zu den Petroleum fördernden Ländern der Erde zählend - sind die meisten Menschen von schwarzer Hautfarbe oder dunkelbraun, entweder afrikanischer oder indischer Herkunft. Über zwei Generationen war in Trinidad alles „britisch" bestimmt. Im Jahrhundert zuvor allerdings sassen auf der Insel noch die Spanier. Wie ich es von meinen Besuchen in Indien her kannte, gab es - z. B. am Flughafen - in der ehemals britischen Kolonie viel Formalismus und Bürokratie („Do not step beond this line ..."). Eine Aufenthaltsgenehmigung wird nur für drei Tage erteilt, wogegen man in den lateinischen Ländern des Subkontinents automatisch eine Aufenthaltsgenehmigung für 30 - 90 Tage in den Pass eingetragen bekommt. Die penible Fliegenbeinzählerei der Funktionäre in Port-of-Spain ist wahrscheinlich - wie auch in Indien oder Burma - englisches Erbe.
In Trinidad wurde ich vom kath. Erzbischof Anthony Pantin (indischen Blutes), bei dem ich mich zwecks einer visita de cortesia angemeldet hatte, sehr freundlich empfangen und wir haben etwa eine Stunde miteinander geplaudert. Der Erzbischof, jünger als ich, ist so eine Art von Hélder Câmara von Trinidad. Unsere Auffassungen bezüglich der Entwicklungsproblematik deckten sich fast völlig. Als vor ein paar Jahren ein Priester in einem Armenviertel ausfiel, übernahm er, neben seinem Amt als Erzbischof, persönlich die Pfarrei und zog ganz dorthin. Es muß, wie mir seine Haushälterin verriet, recht armselig gewesen sein. Dort lernte der Kirchenfürst die Wirklichkeit des Lebens unterhalb der Mittelstandsgrenze kennen! Noch heute empfängt er die Armen zu Audienzen. Als ich um 9.00 Uhr ankam, warteten vor dem Eingang seiner Residenz, einem schon fast baufällige Holzgebäude aus der Kolonialzeit, unter einer Art von „Vorbau", ungefähr in Dutzend von Bittstellern herum. Ich durfte dann eine Audienz mit einer dicken, schwarzen Frau - Joyce - miterleben und mich mit Fragen am Gespräch beteiligen. Es handelte sich um eine Mutter von sieben Kindern, die von zwei Vätern stammten; sie lebte jedoch ohne Mann. Ein Hurrikan, der in den frühen Morgenstunden über Port-of-Spain gezogen war, hatte ihr Haus, eine Art von Favelahütte an einem steilen Abhang, schwer beschädigt. Nun benötigte sie Hilfe, da sie nicht über das nötige Geld verfügte, um die erforderlichen Reparaturen vornehmen zu lassen. Ihr Hauptproblem war jedoch, dass sie keine Arbeit fand. In ihrem Wohnviertel gab es zwar so etwas wie eine kommunale „Arbeitsfront", ein Programm zur Arbeitsbeschaffungs für die Ärmsten (z. B. Wegebau, wo die Bittstellerin als Wasserträgerin ein wenig hätte verdienen können.) Dort hatte man ihr aber keine Arbeit gegeben. „Der Vorarbeiter", erzählte sie, „hat gesagt, dass er mich einstellt, wenn ich eine Nacht in seinem Hause verbringe. Aber wie kann ich meine Kinder eine Nacht sich selbst überlassen?" Der Erzbischof erklärte mir, der Vorarbeiter stelle nur junge Mädchen ein, die bereit seien, sein Ansinnen zu erfüllen. „Die Vorarbeiter hier bei uns sind identisch mit den Steuereintreibern zur Zeit Jesu, den Zöllnern aus dem Neuen Testament. Sie saugen die Armen unbarmherzig aus." In seinem, seit 1962 unabhängigen, Land sei es eines der größten Probleme, dass die früher Unterdrückten nun selbst zu Unterdrückern würden. „Schlimmer als die Weißen dies getan haben, unterdrücken die Schwarzen ihre Brüder", sagte er, und nannte als ein Beispiel Idi Amin. Aber auch eine Sekretärin beim Karibischen Rat der Kirchen bestätigte mir, dass schwarze Dienstmädchen aus Angst vor schlechter Behandlung nicht bei schwarzen Herrschaften dienen wollten. Übrigens gibt es in Port-of-Spain viele Leute indischen Blutes, neben denen afrikanischer Abstammung. Caribbs sieht man nur selten. (Mein Tee-Kellner war der erste, den ich bewußt wahrgenommen hatte.) Niemand kam als Sklave nach Trinidad, vielmehr waren die Menschen von anderen Inseln zugewandert. Trinidad ist schwarz oder schwarz/braun.
„Heute nachmittag habe ich eineAutofahrt nach San Fernando mehr erlitten als genossen. Der kleine schwarze Chauffeur fuhr wie ein Verrückter. Ein Typ wie aus einem Charly Chaplin-Film! Das Kraushaar zu Zöpfchen geflochten, Bevor wir losfuhren, habe ich ihn zum Essen mit ins Hotel genommen. Offensichtlich war er die im Restaurant herrschende Atmosphäre nicht gewohnt. Er nahm sein Hütchen mitnichten ab, bis ihm eine Kellnerin dezent zu verstehen gab, den Hut müsse er an diesem Ort schon abnehmen. Mit einigem Zögern legte er ihn dann auf meinen Tip hin auf eine Konsole neben unserem Tisch. Durch mein Erscheinen mit ihm wurde ich selbst zur exotischen Person: Was bringt denn der da für einen mit? Glenn ist sein Name - factotum, unicum und Motorist beim CADEC - Christian Action for Development in the Caribbean. Der Ausflug führte ins Zuckerrohrgebiet und zu einer Ölraffinerie - doch angehalten hat mein Fahrer nur beim Umkehren bzw. zum Einkaufen von Zigaretten! Dazu spielte sich die Fahrt auch noch in einem Mini-Austin ab! Ich habe schon manchen wilden Chauffeur erlebt, aber Glenn kann sich auch sehen lassen!
Über die CCC - Caribbean Conference of Churches -, deren Büro in Barbados ich im Anschluss an den Aufenthalt in Port-of-Spain besuchte, kam später die Stipendiatin Michelle John, Internationale Agrarentwicklung, nach Bochum, mit dem Ziel, nach abgeschlossenem Studium in der Beratung kleinbäuerlicher Betriebe, wie sie in Trinidad und Tobago die Regel sind, tätig zu werden. Ihr Praktikum konnte sie im Bereich der Unijuí - Rio Grande do Sul Brasilien - ablegen, und lernte auf diese Weise etwas vom „Sechsten Kontinent" kennen.